quarta-feira, 10 de junho de 2015

Tecnologias Amigas do Idoso – cooperação bilateral Brasil-Irlanda

O entendimento de tecnologia de informação/comunicação como o conjunto formado por (a) pessoas com determinado conhecimento, (b) fundamentação teórica e prática, (c) metodologias, (d) ações e (e) aparatos, pressupõe que as tecnologias não constituem conhecimento em si, mas estratégias de construção de conhecimento - um meio transformador da consciência humana, que não termina na consciência, pois se movimenta em um processo contínuo.
 
Assim como contínua é a aprendizagem humana, não interrompida ou reduzida durante o avanço do curso de vida. As novas tecnologias de informação/comunicação representam inúmeras oportunidades para interações das pessoas idosas com outras pessoas, além de oferecerem produtos de interesse da população idosa para usos diversificados, que potencializam o envelhecimento ativo e saudável e a segurança em situações de fragilidade e doença.
 
A cooperação de “Pesquisa Brasil-Irlanda” (Research Brazil Ireland - RBI) na área temática de tecnologias de informação/comunicação desenvolve a iniciativa “Tecnologias Amigas do Idoso”, promovida pelo Grupo de Trabalho composto por pesquisadores brasileiros e irlandeses: Alexandre Kalache, Ina Voelcker e Renato Veras, respectivamente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e Maria Slowey, Barry McMullin, Dónal Fitzpatrick e Emma Murphy – todos da Dublin City University (DCU), Rodd Bond do Dundalk Institute of Technology e Thomas Scharf da National University of Ireland, Galway.
Alguns participantes da reunião de criação da rede, tendo ao centro Alexandre Kalache
 
O grupo de trabalho foi criado com fomento da cooperação RBI, financiado pela Science Foundation Ireland (SFI), para desenvolver pesquisas em parceria entre as duas nações. O objetivo é que a cooperação reúna instituições e centros de pesquisa de ponta da Irlanda em uma espécie de consórcio que fortaleça a reputação científica e tecnológica da Irlanda no Brasil e desperte interesse de pareceria.
 
Avanços da cooperação de “Pesquisa Brasil-Irlanda”
 
Início em Dublin
 
A primeira reunião do grupo de trabalho foi realizada em 26 de fevereiro deste ano, em Dublin, Irlanda, durante a “1st Science Week Brazil-Ireland”. No encontro, os pesquisadores se apresentaram e indicaram os possíveis temas de pesquisa para desenvolvimento no âmbito da Cooperação RBI. Entre os temas: “educação intergeracional, inclusão digital de pessoas idosas em comunidades, tecnologias para cidades amigas do idoso, percepções e atitudes sobre tecnologia e o desenvolvimento de um toolkit para designers e pesquisadores para tornar a tecnologia inclusiva para pessoas idosas”, informou Ina Voelcker, coordenadora de projetos técnicos do ILC-BR e representante do Brasil no encontro.
 
O grupo de trabalho, segundo Ina Voelcker, já conta com mais de dez pesquisadores, em sua maioria, irlandeses. A coordenadora do ILC-BR disse, ainda, que, na ocasião, foi agendada uma segunda reunião, a ser realizada no Brasil, com o objetivo de engajar mais pesquisadores brasileiros e proposição de temas locais e interculturais. Para o ramo brasileiro da cooperação, a FAPERJ se coloca como um potencial parceiro de fomento, a partir de um acordo de cooperação firmado com a SFI no início deste ano. Ina Voelcker também relatou que, além de pesquisas colaborativas, o grupo de trabalho planeja desenvolver um “position paper” sobre tecnologias amigas do idoso.
 
Criação de rede de pesquisadores no Rio de Janeiro
 
O passo seguinte da cooperação foi a viagem de três pesquisadoras irlandesas ao Rio de Janeiro, composta por visitas técnicas, seminário e reunião, com dois objetivos: conhecer projetos e políticas em execução no Brasil e permitir que pesquisadores locais se informassem sobre o trabalho da Irlanda, nas áreas de tecnologias e envelhecimento. A partir do conhecimento mútuo, realizou-se uma reunião destinada ao compartilhamento de idéias para novas pesquisas em cooperação entre os dois países e à criação de uma rede de pesquisadores sobre o tema “Tecnologias Amigas do Idoso”.
 
Pesquisadoras irlandesas visitantes:
• Julie Doyle é pesquisadora associada do projeto NetwellCASALA, na área de Interação Humano-Computador, onde lidera pesquisas nos campos de ambiente assistido, prevenção de quedas, bem estar emocional e telessaúde.
• Lucia Carragher atua em pesquisas sobre os aspectos sociais do envelhecimento, com experiência em métodos qualitativos e quantitativos nas áreas de cuidado comunitário, demência, qualidade de vida e aprendizagem informal e bem estar.
• Joanne é coordenadora de pesquisa e de projetos no Centro Netwell, envolvida em iniciativas como Home Sweet Home, BRAID, HAIVISIO and DISCOVER4Carers, que abrangem grandes áreas de investigação, desde tecnologias até políticas.
 
Entre as políticas para o envelhecimento ativo implementadas pela Secretaria Especial de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida – SESQV, Julie, Lucia e Joanne visitaram o projeto “Academia da Terceira Idade (ATI)”, na zona sul do Rio, desenvolvido em praças de diferentes bairros da cidade. Segundo o professor Helio Furtado, assessor parlamentar em projetos sobre envelhecimento populacional, no Congresso Nacional, em Brasília, e um dos idealizadores das ATIs, “as Academias oferecem atividades de musculação em aparelhos instalados pela prefeitura, assistidas por educador físico e equipe qualificada”.
 
Ainda sob a administração da SESQV, o grupo de pesquisadoras conheceu o programa “Casas de Convivência e Lazer de Idosos”, na unidade “Bibi Franklin Leal”, localizada na Tijuca, junto ao Morro de São Carlos. “São seis Casas distribuídas em diferentes bairros, voltadas a atividades gratuitas, com o objetivo de favorecer a inclusão social, construção de rede de apoio e fortalecimento de relações, entre outros benefícios para a saúde, participação social e educação continuada das pessoas idosas no município”, disse Helio Furtado. As pesquisadoras Julie, Lucia e Joanne, tiveram uma demonstração de aula de consciência corporal enquanto era ministrada para pessoas idosas freqüentadoras da Casa Bibi Franklin Leal.
 
Ainda outra visita técnica foi conduzida por Thelma Rezende, coordenadora geral do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) - um projeto da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, gerenciado pelo Instituto Vital Brazil. Ao apresentar o Cepe, Thelma Rezende destacou sua missão de “promover o envelhecimento saudável e ser um ambiente de debates e formação dirigida à saúde do idoso com perspectiva de melhoria da qualidade de vida dessas pessoas”. A irlandesa Lucia Carragher mostrou muito interesse em obter informações sobre a estrutura e o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), em vista da “implantação inicial do modelo de atenção primária à saúde na Irlanda”. A visita ao Cepe criou a oportunidade para que Thelma Rezende e Silvia Costa, coordenadora de comunicação do ILC-BR, apresentassem o SUS para as visitantes.
 
Foram visitados, ainda, o Núcleo de Experimentação Tridimensional (Next), coordenado pelo professor Jorge Roberto Lopes dos Santos, um projeto de Tecnologia Inovadora com sistemas de escaneamento e impressão 3D, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Universidade da Terceira Idade (UnATI), dirigida pelo professor Renato Veras, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
 
Como última etapa da visita técnica, foi realizada a reunião como estratégia de consolidação de uma rede “Brasil-Irlanda” para pesquisas na área de “Tecnologias Amigas do Idoso”. A reunião foi coordenada por Ina Voelcker e estavam representados - pessoalmente ou por manifestação por meio de mensagem-, além do ILC-BR, a UnATI/UERJ, a SBGG, o Cepe, Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE)/UFRJ, Universidade Federal Fluminense (UFF), Projeto Treinamento cerebral computadorizado para idosos/UFRJ, PUC-Rio, Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES)/Fiocruz e Núcleo de Experimentação de Tecnologias Interativas (Next)/Fiocruz e Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento (Nepe)/Universidade Castelo Branco.

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