segunda-feira, 16 de junho de 2014

Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa

No contexto do Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, Alexandre Kalache fez a conferência central do evento World Elder Abuse Awareness Day ‪- ‎WEAAD2014, promovido pela Rede Internacional para Prevenção de Abusos contra Idosos (INPEA).

O objetivo do Dia Mundial de Combate à Violência Contra a Pessoa Idosa, celebrado, anualmente, no dia 15 de junho, é despertar uma consciência mundial, social e política da existência da violência contra a pessoa idosa. A data foi estabelecida em 2006, pelo INPEA, em parceria com a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OMS (Organização Mundial da Saúde). O WEAAD 2014 foi realizado durante a XII Conferência Global sobre Envelhecimento da IFA na Índia, que também teve conferência de abertura pelo Kalache no dia 10 de junho.


Entrega do prêmio “2014 International Rosalie S. Wolf Award in Elder Abuse Prevention and Protection”, à Dra. V. Mohini Giri, da Índia, durante o WEAAD2014.

Simpósio da Aliança Global de International Longevity Centres (ILC Global Alliance) sobre cuidados com a saúde

Ao longo dos três dias da 12ª Conferência Mundial sobre o Envelhecimento, organizada pela Federação Internacional de Envelhecimento (IFA), em Hyderabad, 10 - 13 de junho, a Aliança Global de International Longevity Centres (ILC Global Alliance) desempenhou um papel muito importante organizando três simpósios – com destaque para ILC-Brasil.
O simpósio sobre "Rethinking health and health care: attitudes, strategies and challenges" foi presidido pelo presidente do ILC-Brasil, Dr. Alexandre Kalache, que iniciou o painel apresentando seus pontos de vista, ressaltando a importância de atitudes positivas para o enfrentamento dos desafios das populações - e desenvolvimento de atitudes adequadas. Kalache refletiu sobre os resultados de seu primeiro estudo sobre envelhecimento, em 1976, quando cursou Mestrado na Universidade de Londres. Por que, em uma sociedade envelhecida, como Grã-Bretanha, mais de 80% dos geriatras, naquele momento, eram médicos do sul da Ásia - preenchendo a lacuna deixada por médicos qualificados britânicos que, por sua vez, escolhiam outras especialidades de mais "alta tecnologia e status mais elevado" .
Os resultados desta extensa pesquisa, incluindo mais de 800 geriatras estabelecidos no Reino Unido, indicaram que, independentemente de qual era o seu país de origem, os geriatras que estavam "satisfeitos" com a sua escolha tinham uma coisa em comum: a grande familiaridade com pessoas mais velhas adquiridas na infância ou na adolescência, quando viveram na mesma casa com idosos, geralmente seus avós. Um segundo estudo de Kalache mostrou que as atitudes dos estudantes de medicina em relação à idade dos idosos eram melhores do que antes de serem expostos à Medicina Geriátrica. Para muitos, essa foi a primeira vez em suas vidas em que tinham conversado com uma pessoa mais velha - muitas vezes confusa, demencial, com múltiplas patologias, negligenciado por suas famílias ... o que não era uma boa maneira de começar para os jovens que tinham sido educados no contexto das famílias nucleares.
No Japão, o Dr. Daisuke Watanabe descobriu que as pessoas mais velhas participam menos do que eles pretendem em atividades de voluntariado que podem promover bem-estar físico e mental. Dr. Alexandre Kalache e Dr. Sebastiana Kalula ressaltaram a falta de geriatras no Brasil e na África do Sul, respectivamente, tendo o Dr. Kalache atribuído à falta de relações positivas com os avós na infância entre os médicos, bem como à ausência de exposição a pessoas que são bons exemplos de envelhecimento ativo. Em ambos os países, as baixas taxas de alfabetização afeta o autocuidado. O Dr. Kalache exibiu um breve vídeo dos programas de envelhecimento saudável oferecidos pela Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SESQV), para ilustrar estratégias inovadoras e eficazes para promover o envelhecimento ativo.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Compreender o processo de envelhecimento pode mudar o cenário de violência?

O ponto de partida do debate sobre violência foi um esquete teatral sobre a convivência de uma família com o idoso que mora na mesma casa. Interpretada pelo grupo “Voz que Clama”, a dramatização “A Tigela de Madeira”, dirigida por Ednira Martins, colocou em cena as questões vivenciadas por quem sofre violência e por quem a pratica.
 
A presença maciça dos profissionais envolvidos com a suspeita de atos de violência contra a pessoa idosa ou com a denúncia desse tipo de crime mostra o interesse por esse assunto complexo, controverso e socialmente interdito. Com o auditório cheio, o seminário “Violência contra a pessoa idosa: buscando soluções” foi realizado no dia 5 de junho, no Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) do Instituto Vital Brazil.
 
As situações do cotidiano dramatizadas pelo esquete abrangiam desde a visão acerca da redução da funcionalidade – geradora de críticas ao idoso – até a apropriação da renda desse idoso pelos membros da família – considerada como um retorno justo pelo cuidado prestado, que, nesse caso, era um cuidado sonegado. Estava presente na peça teatral todo o repertório de violência subliminar, de intolerância, discriminação, exploração financeira, alto custo das instituições de longa permanência, isolamento social, declínio da cognição, co-habitação, presença do idoso como um estorvo. O desfecho da história é positivo, baseado na conscientização da família surgida por meio da criança e de sua visão de mundo. Se os pais tratam o avô daquela forma, a menina propõe o mesmo para eles e então os desperta para suas atitudes.
 
Os palestrantes convidados para o seminário representavam setores de proteção ao idoso, como Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Idosa, Associação de Cuidadores das Pessoas Idosas, Promotoria do Idoso/Ministério Público, e organizações de pesquisa e políticas, como o Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR).
A partir da esquerda: Sandra Rabelo, Cristiane Branquinho, Elizabeth Labruna, Luis Philippe Barroso e Marcela Lobo de Castro.
 
Sobre o tema “Lidando com a Violência - O papel institucional”, Sandra Rabelo apresentou o Conselho Estadual de Defesa de Direitos da Pessoa Idosa (CEDEPI); Elizabeth Labruna e Luis Philippe Barroso, ambos da Equipe Saúde da Família do Centro Municipal de Saúde Albert Sabin, descreveram as medidas de enfretamento dessas questões em seu território na comunidade da Rocinha; e Marcela Lobo de Castro expôs as ações da Promotoria do Idoso/Ministério Público. A Dra. Cristiane Branquinho participou da mesa de debate.
 
Para discutir “A Promoção do Cuidado na Prevenção da Violência”, participaram Anna Lucia Alves - ACIERJ /Associação dos Cuidadores da Pessoa Idosa do RJ; Maria Aparecida Guimarães - APAZ /Associação de Parentes e Amigos de Pessoas com Alzheimer e Maria de Lourdes Braz, do centro-dia Casa de Santana.
 
A última exposição, “Buscando Soluções – as melhores práticas para a detecção de maus tratos contra a Pessoa Idosa”, de Louise Plouffe, coordenadora de pesquisa do Centro Internacional de Longevidade Brasil, trouxe para o contexto brasileiro a estratégia canadense usada para a detecção de violência contra idosos.
 
Mesa na parte da tarde, a partir da esquerda: Maria de Lourdes Braz, Louise Plouffe, Luiza Machado (coordenadora geral do Seminário), Anna Lucia Alves e Maria Aparecida Guimarães.
 
Louise Plouffe apresentou três instrumentos desenvolvidos pela Iniciativa Nacional para os Cuidados da Pessoa Idosa (NICE – National Initiative on the Care of the Elderly), destinados aos profissionais de saúde e das práticas sociais envolvidos com a detecção de violência ou a confirmação de suspeita. São esses profissionais das equipes da Atenção Primária e cuidadores de idosos – familiares ou contratados.
 
Para os médicos, o instrumento é o “Índice de suspeita de maus-tratos a idosos” (Elder Abuse Suspicion Index - EASI). Para Cuidadores de Idosos: “Rastreamento de maus-tratos do cuidador” (Caregiver Abuse Screen - CASE) e para as equipes, “Indicadores de maus-tratos” (Indicators of Abuse Screen - IOA). A inserção desses instrumentos no Brasil está sendo mediada pelo Centro Internacional de Longevidade Brasil, para sua adaptação ao contexto específico brasileiro e implementação.