Em uma sociedade de rápido envelhecimento da população, quando as pessoas idosas vivem por mais tempo – um grande número de idosos chega à dependência nesses anos adicionais conquistados. As novas famílias de nosso tempo, com mulheres que trabalham fora de casa e homens sem tradição de prover o cuidado de filhos ou familiares idosos, reduzem cada vez mais a disponibilidade para a dedicação aos mais velhos. Nesse cenário surgem os cuidadores de idosos, que podem ser pessoas remuneradas para a função ou familiares.
Nas últimas três décadas o “cuidador de idosos” vem se tornando progressivamente presente na vida das pessoas idosas. A atividade foi reconhecida, no ano 2000, como “ocupação”, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, e incluído na categoria “Empregado Doméstico”, do Código Brasileiro de Ocupações (CBO). Os 15 anos que se seguiram formam um período de aprofundamento da formação de pessoas para o exercício da ocupação e de luta para que se torne uma profissão.
Vários estados brasileiros já contam com associações de cuidadores dedicadas à defesa dos direitos desse trabalhador. No Rio de Janeiro, os cuidadores, atuantes ou em formação, promovem um evento anual: a 4ª edição do Encontro de Cuidadores do Estado do Rio de Janeiro, que foi realizada no dia 24 de junho, de 08:30 às 16:30, no auditório 71, da UERJ.
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Público interage com o vídeo "Brincadeira de roda", por que cuidar também é alegria e integração! |
O IV Encontro de Cuidadores do Estado do Rio de Janeiro apresentou uma palestra sobre “A ética no cuidar”, conduzida por Virgínia Maffioletti (IPUB/UFRJ), que perguntou se ética pode ser ensinada ou transmitida, até propor que “é ética aquela pessoa capaz de refletir sobre os valores que regem seus atos.” Sobre a ética no cuidar, a professora Maffioletti trouxe nova indagação – “o que é cuidar”? E ressaltou dois aspectos para a questão: “cuidar de mim, é diferente de cuidar do outro?”. Sua recomendação final foi de que os cuidadores discutam e produzam um código de ética para sua atividade / futura profissão.
A dinâmica do evento incluiu também mesa redonda, painel e uma plenária para pactuação da “Carta para a Conferência Estadual de Direitos da Pessoa Idosa”, com discussão de vários aspectos do cuidado prestado às pessoas idosas por cuidadores.
Evania Pacheco de Araújo, advogada e membro da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em mesa coordenada por Daniel Groisman (EPSJV/Fiocruz) esclareceu vários pontos sobre direitos trabalhistas, como se fosse uma preparação dos participantes do Encontro para a Audiência Pública sobre Projeto de Lei 4702/2012, que visa regulamentar a profissão de cuidador. A Audiência Pública será realizada no dia 26 de junho, às 15h, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Plenário Evandro Lins e Silva (Av. Marechal Câmara 150 – 4º andar).
A mesa “Relatos de Experiências Formativas” foi composta por Eliana Faria e Aparecida Kazue Ekabi (Abraz-RJ), Terezinha Martinez (UnATI/UERJ), Iraí Borges de Freitas (EPSJV/Fiocruz), Maria Angélica Sanchez (SBGG). Os profissionais abordaram temas como ambiência nos espaços dos idosos, grupos de suporte e referencial curricular para a formação inicial.

O Encontro foi uma realização de Acierj - Associação de Cuidadores de Idosos do Estado do Rio de Janeiro; UnATI - Universidade da Terceira Idade/UERJ; UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro e ABRAZ – Associação Brasileira de Alzheimer – Regional RJ; em parceria com Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz e Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz.
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