terça-feira, 12 de maio de 2015

Seminário "Saúde em todas as políticas mas... os idosos estão contemplados?"

Uma abordagem transversal para políticas públicas voltadas a setores que levam em consideração as implicações de suas decisões para a Saúde: é o princípio básico da iniciativa “Saúde em todas as políticas” - fácil de aplicar aos contextos de diferentes países, tanto em nível municipal como estadual ou regional.
 
Realizado no dia 8 de maio, com moderação de Alexandre Kalache, presidente do ILC-BR e co-presidente da Aliança Global de Centros Internacionais de Longevidade (International Longevity Centres Global Alliance – ILC-GA), o seminário “Saúde em todas as políticas” foi apresentado pelo médico argentino, Diego Bernardini, novo integrante da equipe do ILC-BR, onde atua como coordenador de projetos especiais.
 
Diego Bernardini é médico de família com mais de 15 anos de prática clínica e experiência como consultor do Banco Mundial, da Organização Panamericana de Saúde, ambos em Washington; e da Fundação Européia de Yuste, na Espanha. É professor de pós-graduação na Argentina, México e Espanha, com mestrado em Gerontologia e doutorado em Medicina pela Universidade de Salamanca, Espanha. Trabalhou no setor privado e integrou o Ministério da Saúde da Nação, em Buenos Aires, Argentina. Desenvolveu trabalhos na América Latina, América do Norte, Europa e no Sudeste Asiático, onde foi professor visitante na Universidade da Malásia em 2014.
 
Em vista de sua formação gerontológica, Diego Bernardini identificou a convergência da iniciativa “Saúde em todas as políticas” com o envelhecimento populacional – dois temas que avalia como relevantes para a sociedade, perpassados por determinantes sociais, ambientais e econômicos, entre outros.
 
A apresentação de Diego Bernardini indicou três pontos principais da junção dos dois temas, expondo “aspectos da globalização; tendências e projeções que vão marcar o dia a dia do desenvolvimento da sociedade nos próximos anos; e a regionalização, por considerar que o Brasil ultrapassa a esfera regional e se torna uma potência global.”
 
Ao abordar a (1) globalização, Diego Bernardini afirmou que todas as influências têm aspecto global, especialmente na Saúde e que para ele, a “globalização é a eliminação de limites geográficos, a expansão do mapa cognitivo e a vida em um único fuso horário - quando se vê em tempo real o que está acontecendo na outra parte do mundo.”
 
Como exemplo, o Dr. Bernardini contou que, no ano anterior, ao comentar que iria à Malásia, as pessoas perguntavam onde era. E que na Malásia, quando dizia que vinha da América Latina, lhe perguntavam sobre essa localidade. No entanto, toda a sua visita à Malásia mostrou que lá as condições de saúde das pessoas idosas são as mesmas das regiões latino-americanas, com grande incidência de diabetes e de saúde mental, entre outras situações de morbi-mortalidade que ocorrem em outros países.
 
As (2) tendências são ilustradas por Diego Bernardini com o gráfico da Comissão Oxford Martin para as gerações futuras, elaborado em 2013, que mostra a sociedade como o centro de seis “megatendências”: geopolítica, mobilidade, sustentabilidade, tecnologia, demografia e saúde. Para Diego Bernardini, “na demografia está o envelhecimento populacional”, relacionado à saúde. Quanto às projeções, se olha o passado, para compreender melhor o que se passou e projetar o futuro.
 
Com relação à (3) regionalização, diz Bernardini, esta “se define por alguns marcos da América Latina, onde a população cresce permanentemente, se urbaniza cada vez mais e aprofunda as desigualdades. Além disso, vários países da região não têm bom planejamento urbano e carecem de implementação de políticas públicas. Também em comum, na região há conquistas de redução da pobreza por meio de programas de cobertura universal de saúde e de transferência de renda (Brasil e México).”
 
A “Saúde em todas as políticas”
 
A conceituação da iniciativa “Saúde em todas as políticas”, define a Saúde como um direito baseado em um princípio de justiça social, equidade, bem público e direito para as pessoas. “E o governo é o responsável”, diz Diego Bernardini, que pergunta “por que essa iniciativa é importante?”
 
Ao responder, o expositor analisa que “Política Pública” significa “Intersetorialidade” e não se pode falar de uma sem a outra, que estão sempre vinculadas. Outro fator de relevância é que os desafios da Saúde são complexos e que os objetivos de alto impacto do governo afetam múltiplos setores, entre eles, a Saúde. E, em especial, diz Bernardini: “há políticas externas à Saúde com muito mais impacto nela”.
 
Para a operacionalização da iniciativa, Diego Bernardini recomendou que se leve em conta elementos como os marcos políticos de ação; pensar diferente e criar novos paradigmas; e articular diferentes níveis operacionais. Exemplificou com as dimensões da iniciativa “Cidade Amiga do Idoso”: moradia, participação social, respeito e inclusão, emprego, transporte, espaços e edificações, apoio comunitário e serviços de saúde e comunicação e informação. O expert Diego Bernardini expressou que vê a “Saúde em todas as políticas” como um tema técnico e político e como uma situação complicada com a oportunidade de aplicar soluções hoje, quando elas podem ser mais simples do que no futuro.
 
Durante a moderação de Alexandre Kalache, variados aspectos da apresentação despertaram discussão, entre eles a representação gráfica da intersetorialidade como composta por setor privado, setor público, sociedade civil e Academia. Alguns participantes do seminário opinaram que a Academia atua totalmente integrada à sociedade, em movimento de vaivém de teorias e práticas.
 
A apresentação está disponível neste link.

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