Com o crescente envelhecimento populacional é cada vez mais importante a ação protagônica da pessoa idosa para que as demandas e necessidades deste grupo etário sejam incorporadas à agenda política e para que o próprio idoso seja empoderado para envelhecer de maneira ativa.
“Protagonismo e Empoderamento da Pessoa Idosa – Por um Brasil de todas as Idades” foi o tema da VII Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, em Campinas, São Paulo. Um dos objetivos desta Conferência era estimular a implantação de mecanismos e instrumentos de gestão que garantam a participação e a organização social das pessoas idosas. A abertura da Conferência foi celebrada com programas culturais de dança, música e poesia e com falas de autoridades e de idosos representando as regiões de Campinas. A palestra deste primeiro dia da conferência, intitulada “Por um Brasil de todas as idades – Criando um Modelo”, foi proferida pela coordenadora de projetos técnicos do Centro Internacional de Longevidade Brasil, a gerontóloga Ina Voelcker.
Palestra de Ina Voelcker |
Ao apresentar os conceitos fundamentadores da iniciativa “Por um Brasil de todas as idades – Criando um Modelo”, Ina Voelcker descreveu o envelhecimento ativo como “processo de vida contínuo que permite o aperfeiçoamento das condições de saúde, educação continuada, participação e segurança” e ressaltou a abordagem participativa de “baixo para cima” - do cidadão ao governo - e a importância da intergeracionalidade.
Segundo Ina Voelcker, “o modelo de um município para todas as idades é baseado na escuta sistemática da população idosa, e também dos cidadãos mais jovens, sobre as lacunas e os aspectos positivos e negativos do município no qual vivem. São os resultados desta escuta que formam a base de evidências para o desenvolvimento das políticas públicas deste município.” Para a gerontóloga, a inclusão de pessoas de todas as idades nestas escutas/consultas contribui para a formulação de políticas amigas do idoso que, na verdade, são amigas de todas as idades. “Isso importa porque todos nós estamos envelhecendo e, quanto mais cedo nós preparamos, melhor,” disse. E prosseguiu, pontuando que a iniciativa promove maior harmonia intergeracional e garante um maior apoio de toda a sociedade. Ina ainda destacou a metodologia deste modelo que inclui pesquisa qualitativa e quantitativa e enfatizou o protagonismo do idoso nesta iniciativa que, ao mesmo tempo, também requer o envolvimento contínuo do poder público.
Após a palestra de Ina Voelcker, o Regimento Interno da Conferência foi apresentado e o segundo dia teve grupos de trabalho com discussões em quatro eixos: gestão, financiamento, participação e sistema de garantia de direitos da pessoa idosa.
Na linha do debate sobre empoderamento, Ina Voelcker foi recepcionada por integrantes da Pastoral da Pessoa Idosa
Em relato sobre sua visita, Ina Voelcker conta que o “acolhimento na sociedade e a valorização e promoção da pessoa idosa fazem parte da missão da Pastoral da Pessoa Idosa, organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e criado em 2004 durante a Assembleia Geral dos Bispos do Brasil.”
Segundo Ina, “a missão é cumprida através de líderes comunitários que fazem visitas mensais a idosos da própria comunidade e acompanham a vida dos idosos no domicílio. Os líderes também são ponte entre a família e os serviços de suporte à pessoa idosa na comunidade.”
A coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa da Arquidiocese de Campinas, Lúcia Secoti, que organizou reuniões com líderes da Pastoral no âmbito da visita de Ina Voelcker após a Conferência do Conselho, falou da importância da Pastoral para a construção de uma sociedade mais solidária. Lúcia destacou que “a Pastoral da Pessoa Idosa é um mecanismo de empoderamento do idoso, porque o líder partilha conhecimentos e passa informações ao idoso e ao mesmo tempo resgata o respeito e a dignidade da pessoa idosa.” De acordo com Lúcia Secoti, outro aspecto que vale destacar é que “o acompanhamento mensal do idoso, que é registrado no “Caderno do Líder Comunitário”, possibilita uma avaliação da saúde e do domicílio. Além de ser simples, de baixo custo e de fácil implantação, a iniciativa pode ser replicada em qualquer comunidade.”
Em relato de integrantes da Pastoral da Pessoa Idosa, “os líderes, alguns sendo mais velhos que os idosos acompanhados, outros podendo ser os netos deles, todos notam o benefício que essas visitas aos idosos trazem também para eles mesmos.” Ina Voelcker identifica que todos falam com muito carinho da alegria que sentem durante essa vivência com os idosos e que “realmente dá para sentir o respeito e a admiração que eles têm diante da pessoa idosa. Sente-se também a amizade e a coesão entre os líderes que se encontram mensalmente para refletir e avaliar as visitas domiciliares.”
E Ina Voelcker finaliza: “num Brasil que está face à revolução da longevidade com recursos limitados e enfrentando vários problemas sociais que não poupam o idoso, iniciativas como a Pastoral da Pessoa Idosa que contribuem tanto para a mudança de paradigma para o desenvolvimento de uma cultura do cuidado são indispensáveis para que a nossa sociedade se torne mais solidária.”
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Site da Pastoral:
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Fonte e colaboração:
Ina Voelcker
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