O movimento do corpo na dança; da mão que conduz o lápis no desenho e o pincel na pintura; do ouvido ao modular notas musicais; do ator interpretando histórias; e do tato para criar figuras e esculturas – aí está a expressão artística em essência. Se a arte está presente em qualquer idade, ela é ainda mais importante quando ficamos velhos.
A experiência de vida facilita a fruição emocional colocada em um trabalho manual, com envolvimento físico, afetivo, expressivo, interativo e de ativação e conservação da memória. Enfim, formas livres de manifestação. A arte possibilita o distanciamento do cotidiano e sua apreciação e não se confunde com lazer ou passatempo.
Uma “Oficina de Azulejos Florais” abriu espaço para cores, formas, texturas, impressões táteis, percepções visuais, sentimentos, sensações e relações entre pessoas idosas - homens e mulheres com 60 anos e acima que exercitaram seu imaginário e processos criativos para transformar materiais em obras. Totalmente gratuita, a Oficina de Azulejos Florais teve duração de seis semanas (6 de abril a 18 de maio) e foi realizada pelo Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), vinculado ao Instituto Vital Brazil, como parte do Circuito de Arte e Envelhecimento.
Conclusão de curso e emoção
A inauguração de um lindo painel de azulejos florais encerrou a Oficina conduzida por Pedro Kalache - artista carioca e londrino. Pedro nasceu no Rio, reside em Londres e mantém afetos nas duas cidades. Formado em Ceramic Design, na Central School Saint Martin, Pedro desenvolve sua arte guiado por grande paixão pela argila.
Mais de 90 trabalhos compõem o painel “em formato hexagonal, como uma colméia – de sinergia humana”, disse Pedro Kalache sobre o produto final. Os participantes da Oficina admiraram o painel por longo tempo, afinal ali estavam suas obras. E, na avaliação do curso, foram só elogios.
Alguns dos participantes do curso falaram ao Blog Longeva Idade sobre as contribuições da experiência a suas vidas. Anamaria Cabedo Menezes chegou a comparar a modelagem da argila “com o ato de criação do ser humano... imagina... quando se dá forma à argila, nós fizemos os objetos e eu pensei nisso na hora. Foi uma lição de vida. Antes, eu pintei porcelana, que já chega pronta. Neste caso, se cria do nada, depois insere a plantinha, pinta. E o Pedro foi o condutor dessa criação.”
Outra aluna, Maria José Magalhães da Silva, disse que quando soube da Oficina ficou atraída por que sempre fez trabalho manual desde a infância. “Passei por tapeçaria, depois resina, papier machê, e quando soube da Oficina, eu vim. Adorei. O trabalho do Pedro é lindo.” Já Lúcia Esperança Canetti disse ter participado com o maior prazer e ressaltou: “O Pedro é uma pessoa certa para esse curso, porque demonstra o amor à arte e transmite ao aluno. Estou emocionada porque é raro encontrar pessoas dedicadas a darem o melhor de si.”
Durante a inauguração do painel, a médica Thelma Rezende, coordenadora geral do Cepe, destacou as transformações trazidas pela Oficina para os participantes e para o Cepe: “O curso ofereceu o aprendizado de uma nova habilidade, o de implementar o convívio e favorecer o estabelecimento de novas amizades, fundamentais, para a manutenção das funções cognitivas e da alegria de viver. Os alunos aprenderam as técnicas de modelagem da argila e de pigmentação, para criarem obras de lindo efeito visual.”
Presente ao encerramento da Oficina, o pai de Pedro, Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade, comentou o extremo valor da Oficina, como oportunidade para a preservação de quatro capitais fundamentais para o processo de envelhecimento: “o capital vital, da saúde; o capital financeiro, para a segurança e a proteção; o capital intelectual, dos conhecimentos; e o capital social, que vai da família aos amigos”. E também presente, a mãe de Pedro, Bete Kalache, artista plástica, contou como o filho cresceu em um atelier, em meio aos materiais e técnicas usadas em suas atividades.
O encerramento da Oficina teve cobertura da Rádio CBN.
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