Lançado em 15 de dezembro, pela revista The Lancet, o estudo “Carga Global de Doença 2010” (Global Burden of Disease Study 2010) é divulgado como o maior esforço sistemático já efetuado para descrever a distribuição global e as causas de uma extensa variedade de doenças, lesões e fatores de risco para a saúde.
Em destaque o aumento da expectativa de vida ocorrido em todo o mundo ao longo das últimas quatro décadas: 11 anos mais para os homens e 12 anos para as mulheres. A conclusão é que o acréscimo de anos à vida humana traz consigo problemas adicionais de saúde física e mental e repercussões sociais.
Liderado pelo Professor Chris Murray (que sob a Administração da Dra. Gro Brundtland foi Diretor da Divisão de Informações e Estatística da Organização Mundial da Saúde), este estudo foi realizado ao longo de cinco anos e envolveu 500 pessoas, produzindo o banco de dados de saúde mais abrangente e ambicioso do mundo. Ele mostra mudanças dramáticas a partir de 1970, com o rápido declínio no número de mortes por doenças infecciosas e desnutrição e a melhora da sobrevivência de crianças. São dados de todos países e regiões do mundo, com análises por gênero e diferentes faixas etárias.
A edição do The Lancet publica sete artigos sobre o estudo e comentários de pesquisadores e especialistas internacionais, como a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, e o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.
Panorama relatado pelo estudo
O estudo revela que por trás do aumento da expectativa de vida há um problema emergente: um aumento da incapacidade. Nas duas décadas anteriores a 2010, a expectativa de vida dos homens aumentou 4,7 anos e das mulheres 5,1 anos - mas os anos extras de vida saudável eram apenas 3,9 anos e 4 anos, respectivamente, o que sugere que doenças e incapacidades estão se tornando mais frequentes do que há 20 anos. As principais causas são as doenças mentais, incluindo depressão e ansiedade, problemas musculoesqueléticos e perdas visão e de audição.
Em quatro países - Japão, Cingapura, Coréia do Sul e Espanha – já é de 70 anos a expectativa de vida saudável das mulheres. É interessante notar que os homens em apenas três países - Afeganistão, Jordânia e Mali – vivem mais e com melhor saúde do que as mulheres. As mulheres japonesas têm a maior expectativa de vida (vivendo, em média, quase 86), enquanto os homens mais longevos vivem na Islândia (com expectativa de vida de 80 anos).
Os achados de que as pessoas estão vivendo mais, porém com pior saúde poderia provocar um repensar não apenas de nossas expectativas, mas também do funcionamento dos sistemas de saúde.
Para o médico gerontologista Alexandre Kalache, presidente do International Longevity Centre Brazil (ILC-Brazil), o "estudo demonstra que se tornam cada vez mais prementes nossos esforços para aumentar o nível de saúde ao longo de nossas vidas - tanto individual como coletivamente. Não há dúvida que estamos vivendo mais, mas é preocupante que o aumento do número de anos de vida não esteja sendo acompanhado de um aumento proporcional dos anos com boa saúde. Somente através da prevenção de doenças e da promoção da saúde ao longo de nossos cursos de vida, poderemos assegurar mais vida aos anos e não somente mais anos a vida".
Fontes:
http://www.thelancet.com/themed/global-burden-of-disease (Sumário executivo)
O ILC-Brazil atua em parceria com o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) - vinculado ao Instituto Vital Brazil. É uma organização filiada à rede global de International Longevity Centers (Global Alliance of ILCs).
Que fique o alerta aos nossos gestores do SUS e aos políticos brasileiros (emendas) serão importante para fortalecer as ações do SUS, uma vez que essas ações ainda não estão consolidadas nos 5.564.. municípios do nosso país.
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