Os desafios sociais de grandes proporções só podem ser enfrentados por um conjunto de forças reunidas e focadas no mesmo propósito. No caso do envelhecimento, o aumento da quantidade de pessoas idosas nas cidades podia ser previsto em razão dos anos gradualmente acrescentados à expectativa de vida e dos dados demográficos divulgados a partir de meados do século XX.
Desde então, a longevidade representa uma conquista do avanço científico que atende aos anseios humanos de prolongar os anos de vida. De fato, na década de 1950, no Brasil, se vivia em média até os 45 anos e hoje os dados oficiais indicam a possibilidade de viver-se até os 73 anos. O convívio social nos coloca em contato com muitas pessoas acima dos 80 anos.
Sempre houve quem alcançasse um século de vida e integrasse registros de recordes, assim como o destaque da imprensa. Era um feito raro, que nos dias de hoje parece mais comum e se torna meta para as próximas gerações.
No Rio de Janeiro, organizações de diferentes naturezas e abrangência, atuantes na área do envelhecimento, vêm desenvolvendo um trabalho conjunto para a construção de condições adequadas à especificidade da vida do idoso, pela criação de novos modelos e espaços compatíveis com as características dessa população.
São organizações de educação profissional, pesquisa e participação social, dedicadas ao debate e difusão de pontos essenciais do campo do envelhecimento que requerem mobilização da sociedade em busca de mudanças da situação da pessoa idosa inserida em contextos sociais e urbanos despreparados para as demandas de vida típicas da longevidade desejada e conquistada. Essa aglutinação produziu dois eventos: Encontro Fluminense de Envelhecimento e Cidadania – em sua nona edição – e o I Encontro de Cuidadores do Estado do Rio de Janeiro, realizados de 17 a 19 de outubro, na Fundação Oswaldo Cruz.
Mesa Diretora do IX Encontro Fluminense de Envelhecimento e Cidadania.
Foto cedida por Conselheira Maria Isabel F. Bauer, do Fórum Permanente da Política Nacional e Estadual do Idoso no Estado do Rio de Janeiro (PNEIRJ), e por Luiza Machado, Assessora do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE) / Instituto Vital Brazil.
À frente dos eventos estiveram: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV)/Fiocruz; Associação Nacional de Gerontologia – seção Rio de Janeiro (ANGRJ); Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre Espaços Públicos, Políticas Públicas e Serviço Social – NUPESS - Escola de Serviço Social/UFF; Fórum Permanente da Política Nacional e Estadual do Idoso no Estado do Rio de Janeiro (PNEIRJ); Universidade da Terceira Idade (UnATI)/UERJ; Instituto de Psiquiatria (IPUB)/UFRJ; Associação Brasileira de Alzheimer.
Os temas objeto de apresentações foram “Trabalho, seguridade social e educação”; “Envelhecimento populacional, planejamento urbano e políticas públicas”; “Relações familiares, intergeracionais e institucionalização”.
Como a transformação social se ancora na educação populacional, uma das situações da pessoa idosa a ser considerada é o cuidado proporcionado de acordo com realidade do idoso, por aqueles que optam pelo exercício profissional no campo do envelhecimento.
Um dos organizadores dos eventos, Daniel Groisman*, falou sobre a repercussão, em especial, do I Encontro de Cuidadores e as perspectivas futuras manifestas pelos participantes.
“O encontro de cuidadores, na sexta-feira, foi emocionante! Com o auditório da EPSJV lotado, inclusive com pessoas sentadas nos corredores, realizamos o I Encontro de Cuidadores do Estado do Rio de Janeiro. Depois de promovermos cinco encontros locais, nos últimos anos, este é o primeiro com abrangência estadual. A parte da manhã foi destinada a apresentações de trabalhos e relatos de experiência pelos cuidadores e também para a realização de oficinas, que abordaram temáticas como: ‘a ética no cuidado’, ‘cuidando de quem cuida’ e ‘acessibilidade e mobilidade no cuidado’. Na parte da tarde, foi realizada a plenária dos cuidadores. Após a plenária, realizamos a cerimônia de posse da primeira diretoria da Associação dos Cuidadores do Estado do Rio de Janeiro (ACIERJ). Compareceram à cerimônia diversas autoridades e representações institucionais do campo do envelhecimento. Como expectativa futura, os cuidadores almejam melhorias para as suas condições de trabalho e um maior apoio das políticas públicas em setores tais como saúde, assistência social e direitos humanos, dentre outros. Espera-se também que os cuidadores, representados através das suas associações, possam ter voz nos debates a respeito da regulamentação da sua profissão, os quais tendem a ocorrer num futuro próximo aqui no país.”
*Daniel Groisman é professor-pesquisador do Laboratório de Educação Profissional em Atenção à Saúde na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV)/Fiocruz e psicólogo atuante com formação de trabalhadores na saúde do idoso e políticas públicas para o cuidado e envelhecimento.