Um pesquisador estuda as condições de vida da população idosa moçambicana com um olhar sobre as características específicas do país inscritas nas relações entre as gerações. O ponto de partida do pesquisador brasileiro Gustavo Toshiaki Lopes Sugahara é uma perspectiva calcada na dimensão humana do tema investigado e em sua formação em economia com abordagem mais qualitativa. Gustavo Sugahara é pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), em Maputo, e do Centro de Estudos Sobre a Mudança Socioeconómica e o Território, em Lisboa.
Outro brasileiro, originário das políticas públicas do envelhecimento e da área de saúde do idoso no Brasil, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), José Luiz Telles, conhece a realidade moçambicana, agora como Diretor do "Escritório Regional da Fiocruz em África", sediado na cidade de Maputo. Telles atuou na Coordenação da Área Técnica da Saúde do Idoso e na Direção do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde. É doutor em Saúde Pública pela FIOCRUZ, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e médico formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Seus relatos foram apresentados no seminário "Envelhecimento Populacional em Moçambique: Conquista, Ameaça ou Oportunidade?" realizado no dia 17 de abril, em iniciativa conjunta do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR) e do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE).
A introdução dos dois experts coube a Ina Voelcker, gerontóloga, pesquisadora e coordenadora de Projetos do ILC-BR, que trabalhou na HelpAge International, organização atuante na África, responsável pelos três terem se conhecido durante pesquisa lá desenvolvida. A experiência de Ina nessa organização está associada ao relatório global "Envelhecimento no Século XXI: Celebração e Desafio" (UNFPA / HelpAge, de 2012) e ao "Global AgeWatch Index".
O presidente do ILC-BR, médico e gerontólogo Alexandre Kalache, também conhecedor das questões africanas e vinculado à HelpAge como Embaixador Global para Envelhecimento, mediou o debate.
Em debate, a partir da esquerda, Gustavo Sugahara, José Luiz Telles e Alexandre Kalache.
Gustavo Sugahara falou da experiência de Moçambique no desenvolvimento de sua relação com as pessoas mais velhas, seus aspectos globais, características, perspectivas, quadro institucional e desafios. Para o pesquisador, "Moçambique deverá viver nas próximas décadas uma mudança na estrutura etária da sua população, jamais vista na história do país."
Afirmou ainda que em pouco mais de meio século a população idosa moçambicana deve passar por sucessivas duplicações, aumentando de pouco mais de 1 milhão de pessoas, para cerca de 9 milhões. Diante desse panorama, o pesquisador coloca perguntas sobre como vivem os idosos em Moçambique, se "o aumento da esperança de vida vai se tornar uma conquista ou um fardo para a sociedade moçambicana e quais opções de proteção social existem para fazer face à pobreza dos idosos?"
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