Da promoção da saúde ao cuidado integral, a Medicina de Família é o lugar do olhar abrangente sobre as condições de saúde das pessoas em geral, entre elas a pessoa idosa, com todas as especificidades do processo de envelhecimento.
O artigo “A evolução do treinamento em Medicina de Família no Reino Unido” (título original: General practice in the United Kingdom – a training evolution), do médico britânico Patrick Hutt, traça uma linha do tempo da formação em diferentes épocas e em contextos indutores da crescente opção por essa atividade profissional. Patrick Hutt aborda a educação médica, os primórdios da clínica geral, as diferentes maneiras com que a formação foi organizada e reformulada, as escolhas de especialidades durante a formação e o desenho dos cursos. O artigo está disponível na edição atual da Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (RBMFC) - uma publicação científica trimestral da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
Patrick Hutt
Mudanças preparam a educação médica para formar mais generalistas
Enquanto ao longo do século XX um médico concluía o curso de medicina sem ter passado pela clínica geral, atualmente, de acordo com o artigo de Patrick Hutt, no Reino Unido, o aluno de medicina estuda suas questões desde as primeiras semanas da graduação.
Essa estratégia redirecionou o perfil da formação para o estabelecimento de maior contato com os conhecimentos e práticas da medicina de família e comunidade, o que permite que os estudantes se familiarizem com o manejo de doenças crônicas, treinem a capacidade de comunicação e se inteirem sobre tudo o que diz respeito à clínica geral. Para o Dr. Hutt, desse modo, também a escolha da área de atuação se estrutura em bases mais sólidas.
O artigo relata que o Reino Unido criou, em 2005, um módulo de dois anos, o Foundation Programme, composto por um treinamento supervisionado que conecta a educação médica com a especialização ou a formação em clínica geral. No segundo ano do treinamento é usual que muitos estudantes participem de atividades de formação médica generalista, nas quais desenvolvem a noção de continuidade do cuidado, de visitas domiciliares e do ambiente de equipe requerido pela atenção primária.
Em seu artigo, Patrick Hutt informa que em 2013 mais de 40% dos médicos do segundo ano do Foundation Programme, realizado em forma de rodízio, passaram pela formação generalista. A extensa opção por trabalhar na atenção primária também se expressa nos números de profissionais atuantes na Medicina de Família em 2013: 47% dos médicos do Reino Unido. A meta do Governo para 2015 é chegar aos 50%.
Patrick Hutt discute a situação atual para a escolha da especialidade nos dias de hoje e detalha a formação específica, constituída por treinamento específico (Specialty Training) em três níveis. O médico ressalta que o artigo não esgota o tema e representa um estímulo para que os leitores avancem na exploração do campo da Medicina de Família.
O autor do artigo e o Brasil
Patrick Hutt apresentou fontes de comparação da Atenção Primária à Saúde no Brasil e no Reino Unido, no Seminário “Atenção Primária à Saúde - mais necessária que nunca face ao envelhecimento populacional - a experiência britânica”, promovido pelo Centro Internacional de Longevidade Brasil (International Longevity Centre Brazil – ILC-BR), em parceria com o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento vinculado ao Instituto Vital Brazil, da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Informações sobre o seminário realizado no dia 3 de setembro de 2013 estão disponíveis no Blog Longeva Idade.
O médico Patrick Hutt se formou Clínico Geral (General Practitioner) em 2008, no Reino Unido, e trabalha em Londres (East London), onde é Clinical Associate na Universidade de Londres – Departamento de Atenção Primária e Saúde da População. Sua pesquisa como Clinical Associate investiga temas como policlínica, desigualdades em saúde, educação médica e a prestação de serviços de atenção primária no Japão. Patrick Hutt escreve regularmente sobre General Practice, sendo autor do livro “Confronting an ill Society” (Radcliffe 2005) e, mais recentemente, co-editor de “A Career Companion to Becoming a GP” (Radcliffe 2010). É membro do Comitê Permanente do “Royal College of General Practioner’s Health Inequalities”, que discute as disparidades nos resultados de saúde e a prestação de serviços de saúde para grupos carentes.
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