domingo, 8 de março de 2015

A vida da mulher idosa e o Dia Internacional da Mulher

Em alusão ao Dia Internacional da Mulher foi realizado, no dia 5 de março, o seminário Contextos da violência contra a mulher idosa, por iniciativa conjunta do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR) com o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), vinculado ao Instituto Vital Brazil. O seminário representou uma oportunidade para reflexões sobre a mulher idosa nos contextos demográfico, social, institucional e familiar da violência contra a mulher idosa.

As mulheres vivem mais do que os homens, em um cenário de maior número de mulheres idosas e de um número de homens idosos que diminui com o passar dos anos: esse é um cenário de feminização do envelhecimento. Assim, qual o impacto do aumento do número de mulheres idosas? O Censo de 2010 (IBGE) confirmou que o número de mulheres idosas é superior ao de homens no Brasil: 75 homens para 100 mulheres. Das 24.800.000 pessoas idosas, 13.844.000 são mulheres e 11.010.000 são homens.

Para Cecília Minayo, expert em estudos de violência e palestrante do seminário, “as balizas para a análise da feminização do envelhecimento são: situação de classe, diversas situações de gênero e as relações familiares, entre outras. As ocorrências de violência são classificadas como física, emocional, econômico-financeira, patrimonial, negligência e abandono.”

Nesse quadro, as mulheres enviúvam mais, após relações de poder ao longo do curso de vida, que tendem a criar uma situação mais vulnerável para elas - que enfrentam expressivo declínio físico antes da morte. Também as condições econômicas podem ser desiguais, já que muitas nunca tiveram trabalho remunerado ou contribuição para a previdência social ou privada. Ademais, muitas mulheres idosas são obrigadas pelos filhos a se tornarem provedoras. Além do abuso financeiro, sofrem também violência psicológica e física.

Um evento concorrido

Auditório cheio, muitas representações de entidades de defesa da mulher, de direitos humanos e de combate à violência. Estavam presentes a sociedade civil e o governo, para discutir a apresentação de Cecília Minayo sobre os contextos da violência, nos aspectos histórico e estrutural, a partir de definições de violência estabelecidas pelo Estatuto do Idoso, pela Lei Maria da Penha e pela Organização Mundial da Saúde. A expert também levou ao público encaminhamentos e propostas.

Após a exposição de Cecília Minayo, um debate teve moderação de Alexandre Kalache, médico, gerontólogo, co-presidente da Global Alliance of International Longevity Centres e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (International Longevity Centre Brazil - ILC-BR). 

As debatedoras foram Ligia Py, Psicóloga, mestre em Psicossociologia e doutora em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da UFRJ, especialista em Gerontologia titulada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG); e Márli de Borborema Neves, mestra em Fonoaudiologia, especialista em Gerontologia pela SBGG e presidente do Departamento de Gerontologia da SBGG-RJ.


O público participou ativamente com perguntas e comentários, especialmente relativos ao cuidado da mulher idosa. Em uma das respostas, Cecília Minayo esclareceu: “o contrário de violência não é ‘não violência’, mas inclusão e cuidado”.

Mais informações sobre a palestrante

Maria Cecília de Souza Minayo é pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e coordenadora científica do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz.

Cecília Minayo é doutora em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (1989), com mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985) e dois cursos de graduação, sendo o segundo em Ciências Sociais na City University of New York (1979).

Desde 1997 é editora científica da revista Ciência & Saúde Coletiva, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Em 2014, foi uma das 21 personalidades que receberam, no dia 10 de dezembro, o Prêmio Direitos Humanos 2014, oferecido pela Presidência da República, em sua 20ª edição. O Prêmio representa a mais alta condecoração do governo brasileiro às pessoas e instituições que desenvolvem ações de destaque nas áreas de promoção e defesa dos Direitos Humanos. Cecília Minayo recebeu a honraria na categoria Garantia dos Direitos da Pessoa Idosa.

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