Se os desafios do envelhecimento estão colocados e a sociedade deve se preparar para enfrentá-los, uma instituição científica vislumbra uma nova geração de pessoas idosas, plenas de especificidades inerentes ao seu tempo. Uma geração diversa, caracterizada ao mesmo tempo pelo envelhecimento ativo e por uma parcela de idosos dependentes. Esse foi o espírito do Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia promovido pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) de 29 de abril a 4 de maio, em Belém do Pará, com cerca de 3.000 participantes de todo o país.
Informações diárias sobre o Congresso foram disponibilizadas no perfil institucional do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR) no Facebook e também no Twitter.
O ILC-BR participou do Congresso com apresentações de seu presidente, médico e gerontólogo Alexandre Kalache; de sua coordenadora de pesquisa, a pesquisadora canadense Louise Plouffe; e de sua coordenadora de projetos, a pesquisadora e gerontóloga Ina Voelcker.
Na solenidade de abertura, Alexandre Kalache entregou, em nome da Bradesco Seguros, o “Prêmio Pesquisa em Longevidade Bradesco Seguros” à presidente da SBGG Nezilour Lobato Rodrigues, como reconhecimento do conjunto das contribuições da SBGG à pesquisa e ao avanço do conhecimento. Ao receber o Prêmio, a Presidente da SBGG destacou que a nova geração de idosos, tema do congresso, “não é uma questão apenas da SBGG, mas de toda a sociedade”. E citou Kalache, dizendo que “a cultura do cuidado é uma resposta à Revolução da Longevidade”. Nezilour Lobato Rodrigues é geriatra, participante ativa dos rumos da SBGG em seu estado natal - o Pará - e no país.
Olhares sobre as políticas
A Mesa Redonda “Envelhecimento e Políticas Públicas internacionais e nacionais” teve participação do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), com apresentações de seu presidente, Alexandre Kalache (Novas tendências, novas perspectivas) e da coordenadora de projetos Ina Voelcker - com o trabalho “Envelhecimento e desenvolvimento no nível internacional”, elaborado a partir de artigo publicado neste blog, intitulado “A relações de envelhecimento e desenvolvimento, por Ina Voelcker”. Também nessa mesa, a psicóloga e gerontóloga Laura Mello Machado, expôs o “Avanço nas políticas públicas e o fortalecimento dos Conselhos Municipais na defesa dos Direitos dos Idosos”. Gerontólogos parceiros de lutas pelos direitos das pessoas idosas, companheiros em muitas conferências e eventos, Laura Machado e Alexandre Kalache festejaram o encontro na mesma mesa. O Coordenador do debate foi Marco Polo Dias Freitas, médico do Hospital da Universidade de Brasília e preceptor do Programa de Residência Médica em Geriatria.
Laura Machado e Alexandre Kalache após participação em Mesa Redonda
Enfoque “Amigo do Idoso” no mundo
No dia 2 de maio, a iniciativa “Cidades amigas do idoso” tomou conta do Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, ao ser analisada nos aspectos global, nacional (no Canadá) e específico relativo a algumas unidades brasileiras onde a iniciativa foi implantada.
Um simpósio sobre a iniciativa reuniu profissionais do ILC-BR, organização de referência no enfoque “amigo do idoso” por agregar os três experts responsáveis por sua concepção e disseminação: o presidente do ILC-BR, médico e gerontólogo Alexandre Kalache; a pesquisadora canadense, coordenadora de pesquisa do ILC-BR, Louise Plouffe; e a pesquisadora e coordenadora de projetos, Ina Voelcker. O enfoque “amigo do idoso” foi desenvolvido quando trabalhavam na Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicado no “Guia Global das Cidades Amigas do Idoso”, em 2007.
Intitulado “Comunidades amigas do idoso: origem, expansão global e aplicação ao contexto brasileiro”, o simpósio teve apresentação de Alexandre Kalache sobre “A iniciativa Cidades Amigas do Idoso da OMS” - sua origem e conceito, além das principais características amigáveis ao idoso, identificadas através de uma pesquisa qualitativa sob orientação do Vancouver Protocol. Kalache é considerado o "pai da iniciativa da OMS", já implantada em mais de mil localidades no mundo.
O relato de Louise Plouffe, “Como a iniciativa se expandiu pelo mundo e como ela foi implementada no Canadá”, revelou o trajeto do enfoque “amigo do idoso” e, principalmente, sua forte expansão em seu país, as grandes linhas de desenvolvimento de comunidades amigas do idoso, os fatores de sucesso e exemplos práticos. Louise é considerada a "mãe da iniciativa da OMS".
“A aplicação da iniciativa amiga do idoso ao contexto brasileiro”, tema de Ina Voelcker, teve uma análise das iniciativas brasileiras que utilizaram os conceitos básicos da iniciativa da OMS. Foi apresentado um modelo desenvolvido pelos profissionais do ILC-BR para ampliar o protagonismo do idoso no desenvolvimento de políticas públicas amigas do idoso no Brasil. O instrumento da pesquisa qualitativa usado mundialmente, o Protocolo de Vancouver, foi adaptado este ano para o contexto brasileiro, assumido como “Protocolo do Rio”. Ina é tida como "filha da iniciativa da OMS".
Simpósio do presidente
Parceiro do ILC-BR fala no Congresso
No primeiro dia do Congresso, Helio Furtado, pesquisador da Secretaria Especial de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SESQV), parceiro do ILC-BR em vários projetos, falou sobre a importância do exercício físico em todas as fases da vida como fator determinante do envelhecimento ativo. Em sua exposição apresentou os projetos da SESQV, que incluem a Academia da Terceira Idade, instalada em espaços públicos para uso gratuito pela população idosa, com orientação profissional. Segundo Furtado, outro projeto de destaque, o QualiVida, “foi iniciado em 1998 e conta com 100 núcleos no município do Rio de Janeiro”.
Recomendação de currículo mínimo voltado a cursos para cuidadores
A proposta de regulamentar a profissão de cuidador é antiga e se reforça em tempos de demandas crescentes de cuidado. O papel cada vez mais fundamental do cuidador de idosos é reflexo dos modos de vida, de uma nova família e estrutura social. Sua atividade pode melhorar a qualidade do cotidiano da pessoa idosa e tranquilizar familiares. No Congresso, a SBGG reuniu estudiosos do assunto, para elaborar uma proposta de currículo mínimo para cursos de cuidadores.
As condutoras do debate, as gerontólogas e pesquisadoras Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, Marilia Berzins e Maria Angélica Sanchez, lideram o grupo que vem discutindo a questão e considera “chegado o momento de pensar em normatizações para o desempenho da função, tendo a formação como aspecto central”.
Estudos anteriores fundamentam a discussão que visa sugerir um currículo mínimo no âmbito da SBGG para orientação das iniciativas de formação de cuidadores de idosos. Segundo Angélica Sanchez, “um currículo mínimo é uma referência”. O debate também se baseia nas oficinas realizadas no 8° Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia (GERP.13) em setembro de 2013 e no VII Congresso de Geriatria e Gerontologia do Rio de Janeiro (GeriatRio) em outubro de 2013. Do consenso obtido nas duas oficinas foram extraídos os itens a serem discutidos no Congresso da SBGG e recomendados como currículo mínimo em termos de carga horária e programa.
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