terça-feira, 20 de maio de 2014

Envelhecimento e a Revolução da Logevidade no Canadá

Estamos vivendo mais tempo e mais saudáveis? Foi a pergunta do palestrante, Yongjie Yon, pesquisador canadense, que chegou ao Rio de Janeiro para uma visita técnica ao ILC-BR. Yongjie Yon falou sobre o processo de envelhecimento no Canadá - mais antigo e mais lento do que o do Brasil -, apresentando o trabalho “O Canadá está preparado para a Revolução da Logevidade?”, no seminário de 16 de maio, promovido pelo ILC-BR e pelo Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE) sobre os desafios da sociedade canadense diante da revolução da longevidade.
 
Expert em envelhecimento, o psicólogo Yongjie Yon cursa doutorado na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Em seu mestrado em Gerontologia, no Canadá, a pesquisa sobre abuso do idoso consolidou sua trajetória no campo do envelhecimento e o levou a publicar nos principais periódicos acadêmicos sobre temas relacionados a discriminação por idade, maus-tratos, relações intergeracionais e migração de idosos. A experiência profissional de Yongjie Yon nos setores público e privado sobre questões sociais e econômicas dos idosos no Canadá e no exterior vem se configurando como uma luta pelo avanço dos direitos dos idosos.
 
O seminário teve mediação de Alexandre Kalache, médico e gerontólogo, presidente do ILC-BR, e debate com Louise Plouffe - coordenadora de pesquisa do ILC-BR, e Márcia Tavares - pesquisadora da COPPE/UFRJ na temática do envelhecimento ativo.


A partir da esquerda: Alexandre Kalache, Yongjie Yon, Louise Plouffe e Marcia Tavares.
 
Destaques do envelhecimento no Canadá
 
Yongjie Yon estabeleceu paralelos entre os dados demográficos dos dois países, mostrando que, “enquanto em 2011 a quantidade de idosos no Brasil correspondia à metade da população idosa no Canadá, em quarenta anos a situação muda: no ano de 2051, o Brasil terá mais idosos do que o Canadá”.
 
Importante relevo da apresentação de Yongjie indicou a divisão de responsabilidades entre os diferentes níveis de governo, do municipal ao federal, ancorada em um sistema público-privado, baseado em programas de seguridade de caráter universal e em planos de pensões de abrangência geral, com exceção do estado de Quebec onde há um plano específico. No âmbito do sistema privado, há opções de aposentadoria relacionada ao trabalho e iniciativas particulares. As organizações não governamentais provêm serviços para a terceira idade e se engajam na defesa dos direitos dos idosos e em iniciativas educacionais.
 
Para o pesquisador Yongjie Yon , “a grande preocupação do governo canadense é assegurar que os idosos desfrutem de qualidade de vida à medida que envelhecem e fornecer suporte à renda através de uma combinação de programas de governo e incentivos para a poupança privada.” Assim, o sistema de aposentadoria do Canadá é projetado para cumprir dois objetivos diferentes, inter-relacionados: reduzir a incidência de baixa renda na velhice e permitir que os idosos mantenham um adequado padrão de vida na velhice.
 
Também realçado por Yongjie Yon o empenho do governo canadense em proporcionar bem estar por meio de estímulos a iniciativas como o financiamento de projetos voltados às comunidades, que permitam que os idosos participem ativamente da vida comunitária. “O orçamento nessa área é de 92 milhões de Reais por ano”, informou Yongjie.
 
O apoio ao voluntariado se constitui como elemento indispensável à população idosa, no que tange à atividade voluntária do idoso, assim como das outras gerações. Em muitos casos, o voluntário idoso se torna mentor dos demais. A relevância do voluntariado também aparece na prática de reembolso das despesas que o voluntário tenha feito de seu próprio bolso e de combate ao preconceito por idade.
 
Yongjie Yon salientou que o “Canadá está fortemente comprometido com a iniciativa ‘Comunidades Amigas do Idoso’, desenvolvida em 400 comunidades, de oito estados, incluindo áreas rurais e remotas”. Do mesmo modo, o governo canadense investe em projetos de “moradia acessível”, para mais de 200 mil idosos de renda baixa e média.
 
Ao finalizar, Yongjie Yon deixou como mensagem que “o idoso de hoje é diferente do idoso de amanhã, em uma sociedade em processo de envelhecimento que ultrapassa o aumento da quantidade de idosos, uma sociedade que também oferece oportunidades”.

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