sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Congresso GeriatRio debateu com palestrantes internacionais e nacionais

Muitas são as questões que perpassam o envelhecimento populacional e os sistemas de saúde no Brasil e em outros países. Com o objetivo de promover constante atualização profissional, a Seção Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) realizou o VII Congresso de Geriatria e Gerontontologia do Rio de Janeiro (GeriatRio), com o tema “Complexidades e Demandas do Sistema de Saúde”. O evento foi de 30 de outubro a 2 de novembro e teve abertura solene feita pela presidente nacional da SBGG, Nezilour Lobato Rodrigues.
 
Rodrigo Serafim, Presidente da Seção Rio de Janeiro da SBGG, e Nezilour Lobato Rodriques, Presidente Nacional da SBGG
 
Em extensa grade de debates, a estratégia para discutir a inserção da pessoa idosa no contexto do sistema de saúde, no qual se articulam os profissionais de geriatria e gerontologia, abrangeu desde questões pontuais, como doenças cerebrovasculares, até as mais amplas, como políticas públicas e ciência. Os palestrantes internacionais contribuíram com relatos de experiência de suas localidades e intercâmbio de informações com os interlocutores presentes ao Congresso.
 
Consolidação de parcerias
 
As organizações atuantes no campo do envelhecimento juntam expertises para desenvolvimento de ações e projetos em parceria, que fortaleçam o campo onde se articulam, com benefícios para a sociedade e para os profissionais da geriatria e gerontologia.
 
O estabelecimento da parceria da SBGG com o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE) e com o Centro Internacional de Longevidade (ILC-BR) se expressa em diversos pontos e foi intensa na participação de seus experts no Congresso.
 
A parceria decorre do empenho em aproximar as instituições, propiciado pelo Presidente da Seção Rio de Janeiro da SBGG, Rodrigo Bernardo Serafim, e pela Presidente do Departamento de Gerontologia, Maria Angélica dos S. Sanchez.
 
CEPE
 
Dois profissionais do CEPE, Luiza Machado Maia (assistente social, especialista em políticas públicas na área do envelhecimento e assessora da Direção do CEPE) e Alessandro Carvalho (fisioterapeuta, docente e pesquisador na área de envelhecimento e exercício físico), participaram da Oficina Pedagógica “Currículo e carga horária mínimos para formação de cuidador de idosos”, coordenada por Maria Angélica Sanchez e Marília Berzins. O objetivo da SBGG foi reunir pesquisadores, docentes e lideranças diretamente envolvidos neste cenário para debater quatro tópicos específicos pertinentes à formação de cuidadores de idosos profissionais: carga horária, conteúdo, formação do docente e metodologia.
 
A excelência dos profissionais e a experiência do CEPE com o “Curso de Cuidador Social” (Carga horária de 164h) oferecem especial contribuição à SBGG, a partir da qualificação do cuidado de idosos, pelo desenvolvimento de habilidades e competências em relação aos cuidados e à promoção da saúde do idoso dependente. O curso do CEPE se estrutura em aulas teóricas, práticas e visita a uma instituição de longa permanência de idosos.
 
Outra participação de destaque foi o trabalho intitulado "Impacto das medicações anticolinérgicas sobre a cognição nos idosos" de Annibal Truzzi, Vanessa Mendes, Roberta Parreira, Alessandro Carvalho, Monica Kramer, Jerson Laks e Thelma Rezende, apresentado na sessão de temas livres. Assim como o pôster sobre "Fragilidade e autopercepção de saúde em um grupo de idosos atendidos em um pólo de atenção secundária", também de Annibal Truzzi, com Janiciene Souza, Fayanne Bom, Fernanda Borges, Roberta Parreira, Monica Kramer, Jerson Laks e Thelma Rezende.
 
ILC-BR
 
A pesquisadora do ILC-BR, a canadense Louise Plouffe, apresentou "Graduação e Pós-Graduação: panorama canadense", na mesa sobre Educação e Formação em Geriatria e Gerontologia, no dia 1º de novembro. O ponto de partida do panorama foi a escassez de geriatrias e de especialistas em gerontologia, o fato de que poucos estudantes escolhem o cuidado dos idosos e muitas barreiras – apesar disso, a pesquisadora afirmou que há esperanças.
 
Outra apresentação de Louise Plouffe, em 2 de novembro, intitulada “Políticas públicas no Canadá: podemos caminhar na mesma direção?", mostrou os componentes do sistema de saúde no Canadá, que inclui a Atenção Primária, hospitais, remédios, cuidado crônico em casa, instituições de longa permanência, cuidados paliativos e programas de respiro para o cuidador familiar. Em sua palestra puderam ser observadas as semelhanças e diferenças entre aquele sistema e o do Brasil. O tema da mesa era ‘Políticas Públicas’ e a moderação foi de Laura Maria Mello Machado, psicóloga, gerontóloga e diretora da Interage Consultoria em Gerontologia.
 
Nessa mesma mesa, Ina Voelcker apresentou "Panorama internacional das políticas públicas" com base em sua experiência de trabalho na HelpAge International, a maior ONG internacional da área de envelhecimento e desenvolvimento. O panorama traçado acompanhou uma linha do tempo com os maiores acontecimentos em termos de políticas públicas no nível internacional. A começar pela Declaração Universal de Direitos Humanos (1948), passando pela I Assembleia Mundial do Envelhecimento (Viena, 1982), pelo lançamento dos Princípios das Nações Unidas para os Idosos (1996), pela comemoração do Ano Internacional dos Idosos (1999), II Assembleia Mundial do Envelhecimento (Madri, 2002) – geradora do Plano Internacional de Madri, um documento abrangente, baseado em direitos, e relevante para políticas. O Plano de Madri é um documento de referência que orienta políticas globais e foi adotado pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Na linha do tempo apresentada, como desdobramentos, foram demarcados os 5 anos e os 10 anos do Plano de Madri.
 
O médico e gerontólogo, Alexandre Kalache, presidente do ILC-BR, falou sobre "Cidade Amiga do Idoso: avançamos?", na mesa sobre Resoluções, conquistas e desafios. Kalache analisou o percurso do movimento global “Cidade Amiga do Idoso” em âmbito mundial, que agrega também comunidades, unidades e setores da sociedade.
 
No último dia do Congresso, 2 de novembro, com a apresentação "Além de prevenção e tratamento - Desenvolvendo uma cultura do cuidado em resposta a revolução da longevidade", Alexandre Kalache fez o lançamento formal da "Declaração do Rio de Janeiro - Muito Além de Prevenção e Tratamento: Desenvolvendo uma Cultura do Cuidado". A Declaração foi proposta e pactuada como produto final do Fórum Internacional ILC-BR / WDA, por um grupo de profissionais e instituições composto por algumas das maiores autoridades no campo do envelhecimento, internacionais e do país, representando instituições acadêmicas, sociedade civil, organizações intergovernamentais e do setor privado. O Fórum Internacional ILC-BR / WDA foi uma iniciativa conjunta de WDA (World Demographic Association - a Associação Demográfica Mundial), Centro Internacional de Longevidade (International Longevity Centre Brazil - ILC-BR), Bradesco Seguros, Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE) e Universidade do Seguro (UniverSeg), que teve lugar nos dias 16 e 17 de outubro, no Rio de Janeiro.
 
Para fechamento do Congresso, a sessão “Conversa no sofá” trouxe Alexandre Kalache, Laura Maria Mello Machado e Silvia M. M. Costa para um momento informal, de resgate da memória da geriatria e da gerontologia no Brasil. Em sua apresentação, Silvia realçou a afinidade profissional dos dois gerontólogos em sintonia com aspectos pessoais que também se assemelham, como o pensamento vibrante, a visão de mundo positiva e a delicadeza do olhar sobre as pessoas.

Em pé, à esquerda, Silvia Costa, e sentados: Alexandre Kalache e Laura Machado.

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