terça-feira, 21 de maio de 2013

Qual é o papel das evidências na formulação de políticas públicas do envelhecimento?


O aspecto inovador do seminário sobre políticas públicas baseadas em evidências destacado por um dos debatedores, pode ser considerado um dos pontos altos do evento realizado no dia 16 de maio, pelo Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) em parceria com o Centro Internacional de Longevidade (ILC-Brazil).

A observação do debatedor convidado, o médico sanitarista Alfredo Scaff, traçou um paralelo com a medicina baseada em evidências, uma prática relacionada às revistas científicas, aos artigos e capítulos de livro. “Pensei que ia chegar aqui e ver uma lista de artigos científicos para discussão no seminário”, disse Scaff e acrescentou não ter imaginado que a fala de uma pessoa entrevistada durante uma pesquisa seria uma evidência, como apresentado por Ina Voelcker, pesquisadora e gerontóloga do ILC-Brazil, condutora da palestra central do seminário. Scaff apreciou essa abordagem de políticas públicas baseadas em evidências como “brilhante”.

Ina Voelcker discutiu como as políticas públicas para o envelhecimento populacional são imprescindíveis, com a responsabilidade igualmente atribuída a cidadãos e governos e a utilização conjugada das abordagens qualitativas e quantitativas - com destaque para a escuta das vozes dos idosos. A pesquisadora ressaltou o papel desempenhado pelas evidências no ciclo que começa na identificação de necessidades e segue na proposição, implantação, monitoramento, avaliação e reformulação (policy making) de políticas. Segundo Ina “os idosos também têm importante função no monitoramento”.

Toda a base da argumentação da pesquisadora Ina Voelcker foi referenciada pelo conceito de envelhecimento ativo, orientador das experiências relatadas em sua exposição, com exemplos nos níveis global, regional, nacional e estadual/local. Na primeira parte abordou iniciativas de índices e conjuntos de indicadores, enquanto na segunda apresentou exemplos de como pessoas idosas podem participar ativamente no planejamento e no monitoramento/avaliação de políticas públicas que lhes dizem respeito através da coleta e uso de dados qualitativos e quantitativos. Ao discutir as razões para a construção de índices, apresentou vantagens – entre elas a contribuição à interpretação de dados – e desvantagens – como a possibilidade de provocar conclusões simplistas.
 

Nesse sentido, o mediador do debate, médico e gerontólogo, Alexandre Kalache, presidente do ILC-Brazil, mencionou que as críticas mundiais ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) convivem com seu uso permanente para apoio a análises, planejamento e comparações. “Nenhum país quer figurar nas piores colocações do IDH”, comentou.

A pesquisadora da Fiocruz, Dalia Romero, avaliou que pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa são indissociáveis e que a “separação dos dois tipos existente no passado foi superada”.

 


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O Centro Internacional de Longevidade (ILC-Brazil) é uma organização filiada à rede global de International Longevity Centers (ILCs), instituídos como “usinas de idéias” (think tanks) para políticas públicas intersetoriais voltadas ao envelhecimento populacional. Como espaço autônomo de ideias, se destina à produção do conhecimento, troca de informações, mobilização social e relações internacionais sobre os temas da longevidade e do envelhecimento. Atua em parceria com o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE), do Instituto Vital Brazil.

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