O aspecto inovador do seminário sobre
políticas públicas baseadas em evidências destacado por um dos debatedores,
pode ser considerado um dos pontos altos do evento realizado no dia 16 de maio, pelo Centro de
Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) em parceria com o Centro
Internacional de Longevidade (ILC-Brazil).
A observação do debatedor convidado, o
médico sanitarista Alfredo Scaff, traçou um paralelo com a medicina baseada em
evidências, uma prática relacionada às revistas científicas, aos artigos e
capítulos de livro. “Pensei que ia chegar aqui e ver uma lista de artigos
científicos para discussão no seminário”, disse Scaff e acrescentou não ter
imaginado que a fala de uma pessoa entrevistada durante uma pesquisa seria uma
evidência, como apresentado por Ina Voelcker, pesquisadora e gerontóloga do ILC-Brazil, condutora da palestra
central do seminário. Scaff apreciou essa abordagem de políticas públicas
baseadas em evidências como “brilhante”.
Ina Voelcker discutiu como as políticas
públicas para o envelhecimento populacional são imprescindíveis, com a
responsabilidade igualmente atribuída a cidadãos e governos e a utilização
conjugada das abordagens qualitativas e quantitativas - com destaque para a
escuta das vozes dos idosos. A pesquisadora ressaltou o papel desempenhado pelas
evidências no ciclo que começa na identificação de necessidades e segue na
proposição, implantação, monitoramento, avaliação e reformulação (policy making) de políticas. Segundo Ina
“os idosos também têm importante função no monitoramento”.
Toda a base da argumentação da pesquisadora
Ina Voelcker foi referenciada pelo conceito de envelhecimento ativo, orientador
das experiências relatadas em sua exposição, com exemplos nos níveis global,
regional, nacional e estadual/local. Na primeira parte abordou iniciativas de
índices e conjuntos de indicadores, enquanto na segunda apresentou exemplos de
como pessoas idosas podem participar ativamente no planejamento e no
monitoramento/avaliação de políticas públicas que lhes dizem respeito através
da coleta e uso de dados qualitativos e quantitativos. Ao discutir as razões
para a construção de índices, apresentou vantagens – entre elas a contribuição
à interpretação de dados – e desvantagens – como a possibilidade de provocar
conclusões simplistas.
Nesse sentido, o mediador do debate, médico e gerontólogo, Alexandre
Kalache, presidente do ILC-Brazil, mencionou que as críticas mundiais ao IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano) convivem com seu uso permanente para apoio a
análises, planejamento e comparações. “Nenhum país quer figurar nas piores
colocações do IDH”, comentou.
A pesquisadora da
Fiocruz, Dalia Romero, avaliou que pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa
são indissociáveis e que a “separação dos dois tipos existente no passado foi
superada”.
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O
Centro Internacional de Longevidade (ILC-Brazil) é uma organização filiada à
rede global de International Longevity Centers (ILCs), instituídos como “usinas
de idéias” (think tanks) para políticas públicas intersetoriais voltadas ao
envelhecimento populacional. Como espaço autônomo de ideias, se destina à
produção do conhecimento, troca de informações, mobilização social e relações
internacionais sobre os temas da longevidade e do envelhecimento. Atua em
parceria com o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE), do
Instituto Vital Brazil.