quarta-feira, 29 de julho de 2015

Um momento criativo para pessoas idosas - a Oficina “Varal Literário”

O Cepe (Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento) promoveu hoje o encerramento da “Oficina Varal Literário” com exposição dos livros artesanais criados pelas pessoas que participaram – em sua maioria com mais de 60 anos, o que proporcionou convivência intergeracional. 
Os idealizadores e professores Boris Garay, Patrícia Fernandes e Helena Rawet.
A Oficina Varal Literário, gratuita, foi ministrada por profissionais do Cepe: Boris Garay, designer gráfico; Patrícia Fernandes, psicóloga; e Helena Rawet, terapeuta ocupacional. Uma realização do Cepe, vinculado ao Instituto Vital Brazil, com apoio da Fundação de Empreendimentos, Pesquisa e Desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico do Rio de Janeiro (Femptec).
 
A atividade de encerramento incluiu ainda um sarau literário e musical, com declamação de poesias ou textos de autoria dos participantes e de escritores famosos e canções acompanhadas por todos os presentes ao evento.
 
Durante um mês (01-29 de julho), a Oficina proporcionou a exploração da criatividade em grupo, de forma prazerosa e saudável, representando uma oportunidade para exercitar a memória, o cérebro e a reflexão de modo geral. Os meios de expressão foram o desenho, colagem, pintura e a escrita. Para se inscrever não era necessário ter vivência na área artística ou literária e os acompanhantes de idosos podiam participar.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Uma resposta à longevidade

“Eu não fui programado para estar aqui em 2015”. Foi assim que o médico e gerontólogo Alexandre Kalache, co-presidente da Aliança Global de International Longevity Centres (ILCs) e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), abriu a cerimônia de lançamento do relatório “Envelhecimento Ativo: um Marco Político em Resposta à Longevidade”, dia 15 de julho, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
 
Alexandre Kalache prosseguiu: “quem nasceu no Brasil, como eu em 1945, esperava viver não mais do que 43 anos.” Assim, justificou sua afirmação de não ter sido ‘programado’ para estar vivo em 2015 e “completar 70 anos - um privilégio de poucos de minha geração”, completou Kalache, insistindo que mais que nunca é seu dever continuar a contribuir ativamente para a sociedade - e para o bem estar dos que, como ele, chegaram à velhice. Kalache lembrou que foi Robert Butler, o mais eminente Gerontólogo do século XX e criador do primeiro Centro Internacional da Longevidade em Nova York, há vinte anos, quem previu esta revolução da longevidade há varias décadas.
 
Em sessão muito concorrida na ONU, com um público que em muito ultrapassava a capacidade do salão, foi lançada a versão global do relatório “Envelhecimento Ativo: um Marco Político em Resposta à Longevidade” - disponível para download aqui. A publicação foi gerada por pesquisa realizada pela equipe do ILC-BR, sob a orientação de Alexandre Kalache, com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ e apoio do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), do Instituto Vital Brazil, vinculado à Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.
Alexandre Kalache, ao centro, com o microfone.
 
Um dia marcante
 
O lançamento teve lugar durante a 6ª Reunião Permanente do Grupo de Trabalho sobre Envelhecimento (Open-Ended Working Group on Ageing - OEWG). Nele estão representados todos os países membros das Nações Unidas, tendo como objetivo propor mecanismos que, sob uma perspectiva internacional, possam melhor resguardar os direitos das pessoas idosas. Para o evento, o ILC-BR contou com o apoio da AARP (Associação Americana das Pessoas Aposentadas), além de apoio e participação de representantes do Fundo da População das Nações Unidas (UNFPA), Governo argentino, Governo canadense, Federação Internacional de Envelhecimento (IFA) e Coalizão Global de Envelhecimento (Global Coalition on Aging).
 
A saudação de abertura feita pelo Ambaixador e Representante Permanente da Missão Permanente do Governo do Canadá, Guillermo E. Rishchynski, ressaltou a importância do conceito de Envelhecimento Ativo para o desenvolvimento de políticas públicas no Canadá, em particular através dos projetos de cidades e comunidades amigas do idoso, que já somam mais de 800 em seu país.
 
O conceito de Envelhecimento Ativo, afirmou Kalache, “foi concebido pela Organização Mundial de Saúde na virada do século e desde então serviu como fundamento para o desenvolvimento de políticas públicas em todo o mundo. Mais que isso: significou uma mudança de paradigma, por anunciar um enfoque positivo, celebrando o envelhecimento da população como a maior conquista social do século passado - trinta anos mais de vida! O que, ao longo da História, sempre se almejou e agora é um privilegio da maioria, não somente das elites”.
 
O Envelhecimento Ativo também influenciou grandemente a produção acadêmica e guiou o trabalho de organizações intergovernamentais assim como da sociedade civil, desde seu lançamento em 2002.  Kalache fez então um breve histórico sobre as origens do conceito e apresentou seus desdobramentos nestes treze anos, introduzindo os pontos chave do conceito original.  Em seguida, Louise Plouffe destacou as dimensões principais do novo marco político do Envelhecimento Ativo. Louise, que trabalhou no ILC-BR  desde sua criação em 2012 até o início de 2015 e teve como sua principal incumbência a pesquisa bibliográfica em que está alicerçado o novo  relatório,  explicou que ele “ abraça o envelhecimento como um  processo de curso de vida, incluindo a fase final da vida”. Ela também ressaltou que há um alinhamento e uma aproximação do Envelhecimento Ativo com o conceito de resiliência.
 
O debate entre Monica Roque, do Governo argentino, Jane Barratt, da Federação Internacional de Envelhecimento, Michael Hodin da Coalizão Global de Envelhecimento e Ann Pawliczko, do Fundo de População das Nações Unidas, trouxe perspectivas novas e suplementares ao lançamento. Monica Roque destacou que o relatório será essencial para avançar o trabalho na direção de uma convenção internacional para proteger os direitos humanos das pessoas idosas. Também chamou atenção para o fato de que “hoje em dia nenhum governo pode ser sustentável sem reconhecer as contribuições imensas das pessoas idosas”.
 
Jane Barrat se mostrou muito entusiástica com a revisão do marco político da OMS que ela antevê como contínua fonte de inspiração para governos ao redor do mundo, como tem sido desde seu lançamento em 2002. Ainda ressaltou o papel do setor privado para que se alcance objetivos plenos de envelhecimento ativo. Michael Hodin aprofundou a discussão sobre a responsabilidade do setor privado dizendo que um curso de vida saudável em todos os aspectos, como, por exemplo, em termos de tratamento da pele, é importante para cada indivíduo, a sociedade e também para o próprio setor privado. A inclusão da educação continuada como quarto pilar do envelhecimento ativo, que foi introduzido mais recentemente, é visto pela UNFPA como um movimento muito favorável.
 
O público de mais de 100 pessoas era composto por representantes de instituições responsáveis pela implementação das recomendações do relatório sobre o Envelhecimento Ativo: governos, organizações da sociedade civil, setor privado, academia, mídia e organizações intergovernamentais.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Muitas perguntas sobre “Trabalho e Longevidade”

É o que faz Márcia Fernandes Tavares há algum tempo em palestras, estudos acadêmicos e no livro lançado em maio passado, “Trabalho e Envelhecimento: como o novo regime demográfico vai mudar a gestão de pessoas e a organização o trabalho”.
 
A doutoranda Márcia Tavares não deixa ninguém sem resposta, como pôde ser visto no Seminário Trabalho e Longevidade, promovido por iniciativa conjunta do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR) e do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe). A moderação foi de Alexandre Kalache, presidente do ILC-BR e co-presidente da Aliança Global de Centros Internacionais de Longevidade (International Longevity Centres Global Alliance – ILC-GA) – prefaciador do livro e mentor de Márcia na trajetória com os temas do envelhecimento.
 
O panorama traçado por Márcia mostra que “a redução das taxas de fecundidade e o aumento da expectativa de vida contribuem para uma sociedade com um grande número de pessoas em idade de aposentadoria.” Para a palestrante, falar em trabalho e longevidade inclui a noção de envelhecimento ativo, uma vez que este implica em “otimizar oportunidades para saúde, educação, participação e proteção social, segundo definição da Organização Mundial da Saúde, sobre a qual Alexandre Kalache pode falar muito melhor.” A autora ressalta que abordagem do tema também significa levar em conta que o grupo etário de 60 anos e mais está também sujeito a doenças crônicas, discriminação por idade, isolamento, pobreza, entre outros aspectos relacionados a essa fase da vida.
 
Márcia Tavares caracteriza a força de trabalho atual e futura como mais velha em termos de idade cronológica; limitada em disponibilidade e em competências-chave; fisicamente dispersa; disposta a reinventar a vida e o trabalho e diversificada em termos de valores e expectativas ou pretensões em relação ao trabalho. Ao mesmo tempo, o trabalhador é pressionado pela demanda por cuidado aos familiares.
 
“Quanto às empresas, os desafios se situam em quatro esferas: na cultura organizacional, gestão de pessoas, organização do trabalho e gestão do conhecimento”, diz Márcia.
 
A debatedora Rosana Rosa, psicóloga atuante na área gerencial de Desenvolvimento de Pessoas da Bradesco Seguros, relacionou os desafios das empresas às necessidades de reter talentos e qualificar profissionais; promover programas de aposentadoria elaborados juntamente com os trabalhadores interessados; reconhecer as histórias das pessoas atuantes na organização e valorizar a aprendizagem e o intercâmbio.
 
Alexandre Kalache leu a mensagem enviada pela debatedora Ana Amélia Camarano, pesquisadora na Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (DISOC)/IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que não pôde comparecer devido a compromisso profissional. A mensagem consistia em comentários sobre o livro de Márcia, que foram distribuídos ao público participante, por representar “praticamente” um estudo sobre o livro.
 
As inter-relações de “Trabalho e Longevidade” passam a fazer parte do conjunto de expertises do ILC-BR, por meio de Márcia Tavares, sua diretora de Desenvolvimento Institucional.


 
Percurso do livro
 
Lançamento nos dias 19 e 20 de maio, do livro editado pela Qualitymark, em evento na Expo RH-RIO 2015, feira paralela ao Congresso RH-RIO 2015.
 
Palestra no dia 21 de maio, a convite do XLIII Fórum RHDebates, para apresentação do livro e discussão do tema “trabalho e longevidade”.
 
No dia 9 de julho, Márcia Tavares foi expositora no seminário sobre Trabalho e Longevidade, promovido por ILC-BR e Cepe, na Gávea.
 
Em 11 de julho, o programa de rádio 50MaisCBN transmitiu entrevista com Márcia Tavares sobre o tema de seu livro.

Ainda em julho, no dia 13, Márcia participou do I Workshop on Aging, Health and Wellness, promovido pelo Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, abordando a produção de conhecimento como insumo para as políticas públicas.
 
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Márcia Fernandes Tavares é doutoranda em Engenharia de Produção com ênfase em Gestão e Inovação na COPPE/UFRJ, instituição pela qual também obteve seu título de Mestre, com pesquisa sobre o envelhecimento da força de trabalho no Brasil. Atua como professora-tutora na Graduação de Engenharia Industrial da Escola Politécnica da UFRJ. É diretora de Desenvolvimento Institucional do ILC-BR, membro do Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável (LTDS), do núcleo de Design de Serviços e Inovação Social (DESIS Rio) e do Laboratório Trabalho & Formação (LT&F) da COPPE/UFRJ. Tem formação em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial pelo CRIE/COPPE/UFRJ e em Direção de Arte e Redação pela ESPM-Rio. É ainda curadora e organizadora do TEDxUFRJ. Sua atuação está concentrada em pesquisas e projetos relacionados ao envelhecimento humano e tem foco principal em gestão, educação, intergeracionalidade, políticas públicas e tecnologias de informação e comunicação.