segunda-feira, 22 de abril de 2013

Qual a contribuição do cinema para uma sociedade mais amigável ao idoso?

Há algumas décadas a convivência urbana se realiza em um ambiente pleno de estímulos audiovisuais, em uma espécie de revolução que altera os processos cognitivos, estabelece uma comunicação permanentemente mediada por imagens e sons e intensifica os meios de contatos virtuais. No mesmo período, ocorre a revolução da longevidade: “hoje, há mais pessoas acima dos 65 anos, do que jamais houve antes”. Esse dado estatístico precisa fazer parte das histórias contadas pelo cinema, para que despertem o interesse pelas questões envolvidas no grande aumento do envelhecimento populacional.

Alexandre Kalache, médico e gerontólogo, presidente do Centro Internacional de Longevidade (ILC-Brazil), foi convidado de destaque do evento “Envision - questões globais através de documentários”, realizado em Nova Iorque, no dia 10 de abril, pela organização de cineastas independentes “Independent Filmmaker Project” em parceria com o Departamento de Informação Pública, da Organização das Nações Unidas (ONU). O Envision se fundamenta na crença de que as narrativas e os documentários podem ser ferramentas poderosas para construir um futuro melhor para todas as pessoas, em consonância com os Objetivos do Milênio estabelecidos no âmbito da ONU. O título da versão 2013 foi Histórias do Desafio Global da Saúde (Stories of the Global Health Challenge).

No Envision, Alexandre Kalache aproveitou a plataforma que juntou as mentes mais criativas do circuito cinematográfico e de novas mídias para falar sobre o que é necessário para que uma sociedade se torne mais amigável ao idoso, e a todas as idades. Segundo a Diretora Executiva do Independent Filmmaker Project, Joana Vicente, o foco da edição deste ano recai sobre a sociedade para o envelhecimento, além "da reversão do quadro das doenças não transmissíveis e das melhorias na saúde materna".

Após a exposição de Kalache, o moderador da sessão, Fisher Stevens (diretor e produtor) perguntou-lhe repentinamente qual seria sua idéia para um filme sobre envelhecimento.

Kalache contou uma história de mudança, em um mundo de crescente urbanização e rápido envelhecimento. A história de um jovem de Copacabana, bairro onde ele nasceu na época em que a expectativa de vida era de 43 anos. Essa localidade se caracteriza por uma grande quantidade de pessoas idosas, que, aos 60 anos espera ainda viver por mais 22 anos. Esse bairro forma um cenário que demanda mais ações transformadores para que se torne um ambiente amigável ao idoso e a todos que deverão envelhecer ativamente.


A partir do bairro de seu nascimento, Kalache descortinou a imagem de um movimento global iniciado em Copacabana, em 2005, que tomou proporções de uma iniciativa global, liderada pela Organização Mundial da Saúde e que hoje aglutina mais de mil comunidades ao redor do mundo. Essa iniciativa, conhecida como “Cidades Amigas do Idoso”, adota uma abordagem de “baixo para cima” (vozes dos idosos) e de “cima para baixo” (compromisso do poder público), para mobilizar a sociedade na direção de um envelhecimento ativo. A verdadeira noção do enfoque “amigo do idoso” provém de escuta das vozes das pessoas idosas, como requisito para que se estabeleçam políticas públicas efetivas.

A sugestão de aspectos cinematográficos do Brasil na área do envelhecimento, procurados pelos produtores, fica por conta de Pelé, da música Garota de Ipanema e de diversos outros ícones brasileiros que estão agora idosos e cheios de experiências a oferecer.

Mais informações:
http://www.envisionfilm.org/index.html

Em colaboração com Ina Voelcker.

Um comentário:

  1. Fiquei super feliz quando ele me contou. Estou na torcida para que eles deem um retorno rápido e positivo. :)

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