Esse comentário de Alexandre Kalache referia-se a si mesmo, na abertura de sua apresentação para um grupo de pensadores do programa de lideranças avançadas da Universidade de Harvard (Harvard University Advanced Leadership Initiative). O programa Advanced Leadership reúne personalidades de alto nível e de projeção em suas áreas de conhecimento em uma “usina de idéias” (think tank) regularmente promovida pela Universidade de Harvard e realizada este ano nos dias 4 e 5 de abril, sob o título “Inovações no cuidado de saúde e envelhecimento”.
O Programa de Lideranças Avançadas de Harvard foi concebido para projetar as habilidades de pensadores - líderes talentosos e experientes -, que estão no auge de suas vidas profissionais, de maneira a promover o encaminhamento de problemas sociais significativos, inclusive nas áreas de saúde e bem-estar, com foco na comunidade e no serviço público.
As questões de uma agenda para o envelhecimento e saúde fizeram parte do think tank composto por painéis de prestigiosos experts. O médico e gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade (International Longevity Centre Brazil) apresentou o tema “A Revolução da Longevidade: seu impacto global na sociedade do século XXI – e o papel de cada um...”, no painel “Envelhecimento Populacional nos países em desenvolvimento: desafios e oportunidades”.
Esse era o contexto ideal para a palestra de Kalache sobre o tema – um transgressor da expectativa de vida da época de seu nascimento, um aposentado em plena atividade, o ambiente de reflexão, a influência de Harvard sobre o pensamento ocidental, a presença em um think tank de estudos profundos e de articulação de conhecimentos no âmbito das idéias e das práticas, dos problemas e das oportunidades.
A exposição de Kalache discutiu o alcance global da revolução da longevidade, desencadeada por um salto de 30 anos na expectativa de vida na segunda parte do século XX. Chamou a atenção para o fato de que foram conquistados 30 anos extras no curso de vida e não 30 anos adicionais de velhice. Isso porque é possível desfrutar de um envelhecimento ativo, em uma transição que Alexandre Kalache chama de “gerontolescência”, similar ao constructo da geração de baby boomers chamado de “adolescência”, quando se percebeu que havia uma fase entre a infância e a vida adulta. A diferença é que a adolescência dura cerca de quatro ou cinco anos e a gerontolescência se prolonga por duas a três décadas.
Uma das características da revolução da longevidade é a mudança na ocupação do tempo com o trabalho, marcada por um longo período de trajetória profissional e poucos anos de aposentadoria (caso se conseguisse algum). A revolução aponta para um “curso de vida”, entendido como meio para alcançar qualidade de vida na velhice, diferente, quando se terá mais tempo dedicado à educação, intercalada com auto-cuidado, trabalho e lazer e períodos maiores de aposentadoria.
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O Centro Internacional de Longevidade (ILC-Brazil) é uma organização parceira do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE) e filiada à rede global de International Longevity Centers (ILCs). Atua como um espaço autônomo de ideias, produção do conhecimento, troca de informações, proposição de políticas, mobilização social e relações internacionais sobre os temas da longevidade e do envelhecimento.
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Colaboração:
Ina Voelcker
Louise Plouffe
Chique demais!!!!!
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