“Se todos conhecem o modelo ideal para a atenção à saúde da pessoa idosa, por que ele não é implementado?” Essa foi a pergunta de Renato Peixoto Veras que deu início à sua fala no dia 29 de janeiro, durante o Seminário Modelos de Atenção à Saúde do Idoso, realizado conjuntamente pelo Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR) e o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), com participação de experts e de um público muito interessado.
E o palestrante continuou: “A real implementação de um modelo de atenção que leve em consideração as particularidades do envelhecimento depende de uma mudança de paradigma bastante simples”. Renato Peixoto Veras é médico, Professor Associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI/UERJ). Segundo Veras, essas particularidades são bem conhecidas, caracterizadas por mais fragilidades, doenças crônicas e menos recursos sociais e financeiros, entre outras. “Diante de tantas adversidades, o cuidado do idoso tem que ser estruturado de forma diferente da que é destinada ao adulto. Os modelos assistenciais são do tempo em que o Brasil era um país de jovens e sua população era mais jovem.”
Para Veras, os elementos fundamentais para a proposta de um novo modelo são a melhoria e manutenção da capacidade funcional e a estabilização de doenças existentes, de modo a provocar uma guinada na prática de saúde atual, centrada na doença e no atendimento hospitalar. Um modelo de cuidado baseado na funcionalidade e no adequado gerenciamento de doenças crônicas – um modelo que requer conhecimentos sobre a saúde da pessoa idosa.
O papel da formação para um novo modelo
O aspecto do conhecimento estimulou o debate, com comentários do moderador, médico e gerontólogo, co-presidente da Aliança Global de ILCs e presidente do ILC-BR, Alexandre Kalache, sobre “a formação profissional na Saúde, que vai além do aumento do número de geriatras” e abrange a formação de todos os profissionais de saúde para atuarem no cuidado multidimensional exigido pelo processo de envelhecimento.
Sobre a contribuição do Cepe à formação na área do envelhecimento, a debatedora Thelma Battaglia Rezende informou sobre “o trabalho que começa a ser desenvolvido em 2015 para a capacitação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs) com o objetivo de preparar as equipes para as especificidades da saúde do idoso”. Entre outros projetos de formação do Cepe, também mencionou os cursos para cuidadores de idosos. Thelma é médica; pesquisadora e professora na área de Saúde Pública e de Saúde da FGV e Coordenadora Geral do Cepe.
O debatedor Leandro Reis Tavares, cardiologista e Diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – onde começou sua trajetória em 2007 -, analisou que a “prática compartimentalizada vem desde a formação e acompanha os profissionais, caso não mudem o paradigma. Adotamos modelos modulares para uma vida de modelos complexos. Um exemplo é o problema da acessibilidade em hospitais e clínicas, construídos com escadas nas entradas.”
O Governo se fez presente, por meio da Secretaria de Estado de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SEESQV), com os subsecretários Rogério J. R. Rodrigues e Elias Gabriel; e pela Secretaria Especial de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SESQV), com os pesquisadores Helio Furtado e Alexandre Brandão.