terça-feira, 30 de junho de 2015

Países emergentes são chamados à ação imediata diante do desafio do envelhecimento populacional

Especialistas internacionais reiteraram hoje, 30 de junho, a premência para que os mercados emergentes recorram a medidas de enfrentamento aos desafios postos pelo rápido envelhecimento de suas populações. O primeiro chamado ocorreu em janeiro, durante o Simpósio de Mercados Emergentes (Emerging Markets Symposium - EMS) - uma iniciativa anual do Green Templeton College, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que visa debater questões sobre o bem estar nos mercados emergentes.
No Parlamento Inglês, o House of Lords, durante o lançamento do relatório “Ageing in Emerging Markets”, resultante do Simpósio, especialistas falaram sobre o envelhecimento em mercados emergentes. O anfitrião do evento foi o coordenador do Comitê do Simpósio, H. E. Shaukat Aziz, juntamente com a Baronesa Goudie, participante regular do Simpósio. Para o lançamento do relatório foram convidados como palestrantes: Sir John Grimley Evans, professor emérito de Geratologia Clínica da Universidade de Oxford; Alexandre Kalache, co-presidente da Aliança Global de International Longevity Centres e Alexandre Sidorenko, ex-coordenador do Programa de Envelhecimento da Organização das Nações Unidas.

O relatório “Ageing in Emerging Markets” traz a público importantes reflexões sobre o novo conjunto de demandas de produtos e serviços, políticas públicas e legislações, projetos e ações decorrentes do expressivo aumento do número de pessoas idosas e suas especificidades.

A discussão do tema “envelhecimento” recebeu contribuição significativa de Alexandre Kalache, permeando o relatório com conceitos fundadores da produção teórica mais atual. Em sua apresentação Kalache pontuou que “os países desenvolvidos primeiro se tornaram ricos e depois envelheceram. Países como o Brasil estão envelhecendo muito rápido, ao mesmo tempo em que lidam com desafios do desenvolvimento permeado por extrema desigualdade social”.

Todo ano, o Simpósio de Mercados Emergentes reúne lideranças e autoridades influentes, representantes de governos, setores público e privado e a academia. Os Simpósios anteriores abordaram Saúde (2009); Urbanização, Saúde e Segurança Humana (2011); Ensino Superior (2012); Desigualdades de Gênero (2013) e Saúde Materno-Infantil (2014).

quinta-feira, 25 de junho de 2015

O cuidado prestado à pessoa idosa dependente

Em uma sociedade de rápido envelhecimento da população, quando as pessoas idosas vivem por mais tempo – um grande número de idosos chega à dependência nesses anos adicionais conquistados. As novas famílias de nosso tempo, com mulheres que trabalham fora de casa e homens sem tradição de prover o cuidado de filhos ou familiares idosos, reduzem cada vez mais a disponibilidade para a dedicação aos mais velhos. Nesse cenário surgem os cuidadores de idosos, que podem ser pessoas remuneradas para a função ou familiares.

Nas últimas três décadas o “cuidador de idosos” vem se tornando progressivamente presente na vida das pessoas idosas. A atividade foi reconhecida, no ano 2000, como “ocupação”, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, e incluído na categoria “Empregado Doméstico”, do Código Brasileiro de Ocupações (CBO). Os 15 anos que se seguiram formam um período de aprofundamento da formação de pessoas para o exercício da ocupação e de luta para que se torne uma profissão.

Vários estados brasileiros já contam com associações de cuidadores dedicadas à defesa dos direitos desse trabalhador. No Rio de Janeiro, os cuidadores, atuantes ou em formação, promovem um evento anual: a 4ª edição do Encontro de Cuidadores do Estado do Rio de Janeiro, que foi realizada no dia 24 de junho, de 08:30 às 16:30, no auditório 71, da UERJ.
Público interage com o vídeo "Brincadeira de roda", por que cuidar também é alegria e integração!

O IV Encontro de Cuidadores do Estado do Rio de Janeiro apresentou uma palestra sobre “A ética no cuidar”, conduzida por Virgínia Maffioletti (IPUB/UFRJ), que perguntou se ética pode ser ensinada ou transmitida, até propor que “é ética aquela pessoa capaz de refletir sobre os valores que regem seus atos.” Sobre a ética no cuidar, a professora Maffioletti trouxe nova indagação – “o que é cuidar”? E ressaltou dois aspectos para a questão: “cuidar de mim, é diferente de cuidar do outro?”. Sua recomendação final foi de que os cuidadores discutam e produzam um código de ética para sua atividade / futura profissão.

A dinâmica do evento incluiu também mesa redonda, painel e uma plenária para pactuação da “Carta para a Conferência Estadual de Direitos da Pessoa Idosa”, com discussão de vários aspectos do cuidado prestado às pessoas idosas por cuidadores.

Evania Pacheco de Araújo, advogada e membro da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em mesa coordenada por Daniel Groisman (EPSJV/Fiocruz) esclareceu vários pontos sobre direitos trabalhistas, como se fosse uma preparação dos participantes do Encontro para a Audiência Pública sobre Projeto de Lei 4702/2012, que visa regulamentar a profissão de cuidador. A Audiência Pública será realizada no dia 26 de junho, às 15h, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Plenário Evandro Lins e Silva (Av. Marechal Câmara 150 – 4º andar).

A mesa “Relatos de Experiências Formativas” foi composta por Eliana Faria e Aparecida Kazue Ekabi (Abraz-RJ), Terezinha Martinez (UnATI/UERJ), Iraí Borges de Freitas (EPSJV/Fiocruz), Maria Angélica Sanchez (SBGG). Os profissionais abordaram temas como ambiência nos espaços dos idosos, grupos de suporte e referencial curricular para a formação inicial.

Uma “Carta para a Conferência Estadual de Direitos da Pessoa Idosa”, proposta pelos organizadores do Encontro foi lida e aprovada. A Carta visa buscar apoio dos Conselhos para que componham uma agenda de políticas públicas para os cuidadores de idosos. Participaram da leitura da Carta, Sandra Rabello (UnATI, CEDEPI), Augusto Alves (CEDEPI) e Anna Lucia Santos (ACIERJ), que disse ter feito “várias tentativas de levar adiante esse encaminhamento, só conseguindo agora”. A expectativa é que a Carta seja levada à Conferência Estadual, no eixo Participação Social, para adesão dos Delegados.

O Encontro foi uma realização de Acierj - Associação de Cuidadores de Idosos do Estado do Rio de Janeiro; UnATI - Universidade da Terceira Idade/UERJ; UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro e ABRAZ – Associação Brasileira de Alzheimer – Regional RJ; em parceria com Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz e Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Visita Técnica de Delegação Holandesa ao ILC-BR e ao Cepe

Com o objetivo de conhecer mais sobre a Saúde no Brasil e sobre as tendências do setor - seus principais agentes, necessidades e desafios-, uma delegação holandesa visitou, no dia 19 de junho, os dois Centros: Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR) e Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) - vinculado ao Instituto Vital Brasil e à Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.
 
A vinda da delegação ao Brasil tinha a saúde do idoso como uma das áreas de interesse, além de doenças crônicas e não contagiosas; saúde reprodutiva, materna e neonatal; fortalecimento do sistema de saúde; saúde pública; capacitação e educação para a saúde; infraestrutura de saúde; construção de hospitais; qualidade de atendimento; utilização de dispositivos médicos, tecnologia e TI nos hospitais.
 
Coordenada por Peter Post, da Task Force Health Care (TFHC) – uma associação que congrega 150 empresas na área de ciências da vida e no setor de saúde, a delegação era composta por: 
• Egbert van Veen, da ORTEC, empresa voltada para a área de logística da saúde (atuante no Brasil em outras áreas que a da saúde).
• Hilbrand Haak, da ResultinHealth, que oferece apoio técnico e analítico além de treinamento.
• Dirk Joubert, da Royal Haskoning / DHV, focada na gestão de projetos e design de hospitais (também presente no Brasil, mas prioritariamente na área de gestão de águas e resíduos e na construção civil).
 
Também participaram membros do Consulado da Holanda: Arie Plieger - Cônsul-Geral Adjunto; Tatiana Chagas - Adida Comercial; Patricia Broers - Adida Cultural & Assessora Comercial.
 
Além da equipe do ILC-BR, com Silvia Costa – diretora executiva; Márcia Tavares – diretora de desenvolvimento institucional; Ina Voelcker – coordenadora técnica e Elisa Monteiro – assistente de projeto; pelo Cepe estavam Roberto Magalhães, representante do diretor-presidente do Instituto Vital Brasil (Antonio Werneck); Thelma Rezende, coordenadora geral do Cepe e Jerson Laks, coordenador técnico do Cepe.

Os integrantes da delegação holandesa tiveram um panorama sobre o envelhecimento no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil, a partir das exposições do ILC-BR e do Cepe, demonstrando especial interesse em demências, enfoque amigo do idoso e trabalho e longevidade.

Mais uma edição do Fórum Permanente sobre Demências no Cepe

Uma série de fatores vem contribuindo para o crescimento da população idosa no mundo, ao mesmo tempo em que se reduz a incidência de doenças infecciosas e aumentam as doenças crônicas, em uma transição epidemiológica relacionada ao envelhecimento acentuado e à diminuição do nascimento de crianças, com expressivas mudanças para a sociedade.
 
Esse é o contexto do destaque atribuído às demências na atualidade, segundo Jerson Laks, pesquisador, coordenador técnico do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) e coordenador do Centro para Alzheimer do Instituto de Psiquiatria (IPUB) da UFRJ. A grande preocupação, explica Jerson Laks, “é que as demências ocupam o primeiro lugar em incapacitação e dependência.”
 
A apresentação da palestrante Cleusa Ferri foi feita por Laks durante a segunda edição do “Fórum Permanente sobre Demências”, inaugurado pelo Cepe em abril para realização de uma série de eventos bimestrais, organizados com temas relevantes e de grande alcance.
 
Esta não é a primeira vez da Dra. Cleusa Ferri no Cepe, onde fez palestra em agosto de 2014, também sobre demências. A médica psiquiatra é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, possui mestrado em Psicobiologia (1990) e doutorado em Psiquiatria e Psicologia Médica (1999) pela Universidade Federal de São Paulo e também mestrado em Epidemiologia pela Escola de Higiene e Medicina Tropical da Universidade de Londres - LSHTM (2000/2001). Durante dez anos (2002-2012) trabalhou no departamento de Pesquisas Populacionais e de Serviços de Saúde do Instituto de Psiquiatria no King's College London.
 
Em sua apresentação do dia 16 de junho, “Como diagnosticar demência na atenção primária?”, Cleusa Ferri discutiu as circunstâncias que cercam as demências, como o estigma, a crença falsa de que a perda de memória faz parte do envelhecimento normal, a lenda de que nada pode ser feito e a dificuldade dos profissionais de saúde para o diagnóstico claro e para a orientação dos cuidados iniciais.
 
De acordo com a expert, “é muito importante que o diagnóstico seja feito no tempo certo”. E Cleusa Ferri propõe medidas, “assumindo-se que é bom fazer diagnóstico precoce, é preciso criar programas educacionais; treinamento de profissionais de saúde; promoção entre os diversos componentes do sistema de saúde”.
 
A médica ressaltou a especial relevância do papel dos Agentes Comunitários de Saúde, pela sua capilarização na Atenção Primária à Saúde; pelo fato de integrarem a comunidade aonde atuam e a capacidade de reconhecimento dos problemas locais, entre outros aspectos da qualificação e da prática desses profissionais.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Estamos todos conscientes de que existe violência contra a pessoa idosa?

15 de junho - Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa

Atos violentos contra pessoas idosas são freqüentes e podem ser denunciados. As iniciativas realizadas no dia 15 de junho: o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa (WEAAD – World Elder Abuse Awareness Day), vão de conferências a debates promovidos por organizações da sociedade civil e órgãos governamentais.

O objetivo do dia 15 de junho é despertar uma consciência mundial, social e política da existência da violência contra a pessoa idosa. A data foi estabelecida em 2006, pela Rede Internacional para Prevenção de Abusos contra Idosos (INPEA - International Network for the Prevention of Elder Abuse), em parceria com a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OMS (Organização Mundial da Saúde), quando Alexandre Kalache era diretor do Departamento de Envelhecimento e Curso de Vida da OMS.

O médico e gerontólogo, Alexandre Kalache, presidente do ILC-BR e co-presidente da Aliança Global de Centros Internacionais de Longevidade (Global Alliance of International Longevity Centres – ILC-GA), no período em que dirigia a OMS (1995-2008), liderou a produção de importantes publicações de referência sobre o tema.
 
Em continuidade a sua atuação acadêmica e de advocacy, Alexandre Kalache conduz a revisão e atualização do Marco Político do Envelhecimento Ativo (OMS, 2002), iniciada em 2013, com lançamento previsto para julho de 2015. Tanto no original de 2002, quanto na versão revisada e atualizada, o Marco Político do Envelhecimento Ativo aborda a violência contra pessoas idosas e a cita como “um ato único ou repetido, ou omissão de ação apropriada, ocorrido durante um relacionamento baseado em confiança, que cause dano ou sofrimento a uma pessoa idosa. O ato pode tomar diversas formas: física, psicológica, emocional, sexual, financeira ou simplesmente negligência – intencional ou não”.
 
O WEAAD em 2015
 
Em 2015, o WEAAD comemora seu 10º Aniversário com o “WEAAD First Global Summit”, realizado em Washington, EUA, com um programa que conta com a participação de experts em temas da violência contra pessoas idosas, pesquisadores, além de dirigentes de organizações especializadas, políticos e profissionais proeminentes nessa área.
 
A criação de uma data para chamar a atenção para um problema social e a manutenção do compromisso anual para a mobilização em torno dessa data, durante dez anos e em nível mundial, mostram a relevância da prevenção da violência contra idosos. Durante a preparação do evento, em um webinar realizado em maio, Alexandre Kalache destacou que “o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa é hoje reconhecido em dezenas de países no mundo”. Ressaltou, ainda, “o excelente trabalho feito ao longo dos anos pelo INPEA, tanto antes como após o lançamento do WEAAD”.
 
O grupo de trabalho envolvido no WEAAD acredita haver ainda muito a fazer em termos de futuro do combate à violência contra a pessoa idosa nos próximos dez, vinte anos. Kalache pontuou que “se não houver um esforço concentrado, a violência assumirá proporções intoleráveis”.
 
Em mensagem dirigida ao “WEAAD First Global Summit”, Alexandre Kalache faz um alerta: “Se quisermos realmente encaminhar a questão global da violência contra a pessoa idosa, precisamos estar atentos aos dados demográficos e responder ao aumento sem precedentes do número de idosos nos países em desenvolvimento (83% do total global de 2 bilhões no ano 2050). Neste marco do décimo aniversário do WEAAD, o webinar que deveria ser global, ficou restrito ao protagonismo da América do Norte, sem que se conseguisse uma presença maciça de todas as regiões, nem no webinar, nem nas confirmações de presença para o dia 15 de junho em Washington.”
 
Alexandre Kalache prossegue: “De um modo geral, só estamos falando para os iniciados. Como precisamos de uma estratégia para um maior alcance, sugiro uma abordagem em três vertentes.”
 
A primeira vertente se destina à integração com a agenda de outras agências, “pois quando outras organizações e instituições começarem a falar sobre violência contra pessoas idosas, poderemos celebrar. Por exemplo, um relatório recente da Organização Mundial da Saúde sobre violência contra mulheres levou muito pouco em consideração o abuso e violência contra mulheres idosas”.
 
Aproveitamento efetivo das mídias sociais e do marketing social é a segunda vertente proposta por Kalache, ao citar como o tema ganhou destaque no Brasil quando fez parte do enredo de uma novela de televisão que durou muitos meses. “Na novela, uma personagem adolescente abusava de seus avós.”
 
Como terceira vertente está a superação da discriminação e do preconceito contra idoso e o fortalecimento de uma base legal frágil. Para Kalache, “a triste verdade é que não existe no nível internacional nenhuma lei específica sobre os direitos humanos. Houve muito pouco progresso nas discussões sobre a adoção de uma Convenção das Nações Unidas para os Direitos das Pessoas Idosas – em grande parte devido a uma oposição unificada dos países desenvolvidos”.
 
E Kalache completa: “a idéia de adoção antecipada de uma convenção equivalente no nível da Organização dos Estados Americanos só foi alcançada dentro de um contexto de tentativas de bloqueio por parte dos dois países mais desenvolvidos da região. Assim que precisamos tornar nossos representantes eleitos mais respeitáveis!”.
 
Iniciativas brasileiras
 
Em 2011, o Governo Federal criou o “Módulo Idoso” do Disque Direitos Humanos (DDH100) para receber denúncias específicas da população idosa sobre violação de seus direitos. Uma análise dos chamados ao DDH100 no período de 2011-2012 mostrou um aumento de 199% das ligações – de 7.160 ligações em 2011 houve um salto para 21.404 ligações em 2012. Não foram encontrados dados mais recentes sobre a violência contra a pessoa idosa.
 
O número de ligações recebidas pelo DDH100 pode não corresponder à realidade da violência cometida contra pessoas idosas, por que, “muitas vezes, os agressores são familiares das vítimas o que pode gerar uma sub-notificação, em decorrência dos vínculos entre parentes”, diz a SBGG - Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia em release de divulgação do dia 15 de junho: o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa.
 
No Brasil, o dia 15 de junho será movimentado por diversos eventos alusivos à data e de alerta sobre esse aspecto crítico do envelhecimento da população. Como parte dessas iniciativas, o programa de rádio 50MaisCBN transmitiu no sábado 6 de junho a entrevista com a psicóloga e gerontóloga Laura Mello Machado, representante da Associação Internacional de Geriatria e Gerontologia na ONU, que considera o crédito consignado uma das maiores armadilhas para as pessoas idosas. Laura Machado diz, ainda, que “negligência e violência financeira são os dois tipos de abuso contra idosos mais comuns no Brasil.”
 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Tecnologias Amigas do Idoso – cooperação bilateral Brasil-Irlanda

O entendimento de tecnologia de informação/comunicação como o conjunto formado por (a) pessoas com determinado conhecimento, (b) fundamentação teórica e prática, (c) metodologias, (d) ações e (e) aparatos, pressupõe que as tecnologias não constituem conhecimento em si, mas estratégias de construção de conhecimento - um meio transformador da consciência humana, que não termina na consciência, pois se movimenta em um processo contínuo.
 
Assim como contínua é a aprendizagem humana, não interrompida ou reduzida durante o avanço do curso de vida. As novas tecnologias de informação/comunicação representam inúmeras oportunidades para interações das pessoas idosas com outras pessoas, além de oferecerem produtos de interesse da população idosa para usos diversificados, que potencializam o envelhecimento ativo e saudável e a segurança em situações de fragilidade e doença.
 
A cooperação de “Pesquisa Brasil-Irlanda” (Research Brazil Ireland - RBI) na área temática de tecnologias de informação/comunicação desenvolve a iniciativa “Tecnologias Amigas do Idoso”, promovida pelo Grupo de Trabalho composto por pesquisadores brasileiros e irlandeses: Alexandre Kalache, Ina Voelcker e Renato Veras, respectivamente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e Maria Slowey, Barry McMullin, Dónal Fitzpatrick e Emma Murphy – todos da Dublin City University (DCU), Rodd Bond do Dundalk Institute of Technology e Thomas Scharf da National University of Ireland, Galway.
Alguns participantes da reunião de criação da rede, tendo ao centro Alexandre Kalache
 
O grupo de trabalho foi criado com fomento da cooperação RBI, financiado pela Science Foundation Ireland (SFI), para desenvolver pesquisas em parceria entre as duas nações. O objetivo é que a cooperação reúna instituições e centros de pesquisa de ponta da Irlanda em uma espécie de consórcio que fortaleça a reputação científica e tecnológica da Irlanda no Brasil e desperte interesse de pareceria.
 
Avanços da cooperação de “Pesquisa Brasil-Irlanda”
 
Início em Dublin
 
A primeira reunião do grupo de trabalho foi realizada em 26 de fevereiro deste ano, em Dublin, Irlanda, durante a “1st Science Week Brazil-Ireland”. No encontro, os pesquisadores se apresentaram e indicaram os possíveis temas de pesquisa para desenvolvimento no âmbito da Cooperação RBI. Entre os temas: “educação intergeracional, inclusão digital de pessoas idosas em comunidades, tecnologias para cidades amigas do idoso, percepções e atitudes sobre tecnologia e o desenvolvimento de um toolkit para designers e pesquisadores para tornar a tecnologia inclusiva para pessoas idosas”, informou Ina Voelcker, coordenadora de projetos técnicos do ILC-BR e representante do Brasil no encontro.
 
O grupo de trabalho, segundo Ina Voelcker, já conta com mais de dez pesquisadores, em sua maioria, irlandeses. A coordenadora do ILC-BR disse, ainda, que, na ocasião, foi agendada uma segunda reunião, a ser realizada no Brasil, com o objetivo de engajar mais pesquisadores brasileiros e proposição de temas locais e interculturais. Para o ramo brasileiro da cooperação, a FAPERJ se coloca como um potencial parceiro de fomento, a partir de um acordo de cooperação firmado com a SFI no início deste ano. Ina Voelcker também relatou que, além de pesquisas colaborativas, o grupo de trabalho planeja desenvolver um “position paper” sobre tecnologias amigas do idoso.
 
Criação de rede de pesquisadores no Rio de Janeiro
 
O passo seguinte da cooperação foi a viagem de três pesquisadoras irlandesas ao Rio de Janeiro, composta por visitas técnicas, seminário e reunião, com dois objetivos: conhecer projetos e políticas em execução no Brasil e permitir que pesquisadores locais se informassem sobre o trabalho da Irlanda, nas áreas de tecnologias e envelhecimento. A partir do conhecimento mútuo, realizou-se uma reunião destinada ao compartilhamento de idéias para novas pesquisas em cooperação entre os dois países e à criação de uma rede de pesquisadores sobre o tema “Tecnologias Amigas do Idoso”.
 
Pesquisadoras irlandesas visitantes:
• Julie Doyle é pesquisadora associada do projeto NetwellCASALA, na área de Interação Humano-Computador, onde lidera pesquisas nos campos de ambiente assistido, prevenção de quedas, bem estar emocional e telessaúde.
• Lucia Carragher atua em pesquisas sobre os aspectos sociais do envelhecimento, com experiência em métodos qualitativos e quantitativos nas áreas de cuidado comunitário, demência, qualidade de vida e aprendizagem informal e bem estar.
• Joanne é coordenadora de pesquisa e de projetos no Centro Netwell, envolvida em iniciativas como Home Sweet Home, BRAID, HAIVISIO and DISCOVER4Carers, que abrangem grandes áreas de investigação, desde tecnologias até políticas.
 
Entre as políticas para o envelhecimento ativo implementadas pela Secretaria Especial de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida – SESQV, Julie, Lucia e Joanne visitaram o projeto “Academia da Terceira Idade (ATI)”, na zona sul do Rio, desenvolvido em praças de diferentes bairros da cidade. Segundo o professor Helio Furtado, assessor parlamentar em projetos sobre envelhecimento populacional, no Congresso Nacional, em Brasília, e um dos idealizadores das ATIs, “as Academias oferecem atividades de musculação em aparelhos instalados pela prefeitura, assistidas por educador físico e equipe qualificada”.
 
Ainda sob a administração da SESQV, o grupo de pesquisadoras conheceu o programa “Casas de Convivência e Lazer de Idosos”, na unidade “Bibi Franklin Leal”, localizada na Tijuca, junto ao Morro de São Carlos. “São seis Casas distribuídas em diferentes bairros, voltadas a atividades gratuitas, com o objetivo de favorecer a inclusão social, construção de rede de apoio e fortalecimento de relações, entre outros benefícios para a saúde, participação social e educação continuada das pessoas idosas no município”, disse Helio Furtado. As pesquisadoras Julie, Lucia e Joanne, tiveram uma demonstração de aula de consciência corporal enquanto era ministrada para pessoas idosas freqüentadoras da Casa Bibi Franklin Leal.
 
Ainda outra visita técnica foi conduzida por Thelma Rezende, coordenadora geral do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) - um projeto da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, gerenciado pelo Instituto Vital Brazil. Ao apresentar o Cepe, Thelma Rezende destacou sua missão de “promover o envelhecimento saudável e ser um ambiente de debates e formação dirigida à saúde do idoso com perspectiva de melhoria da qualidade de vida dessas pessoas”. A irlandesa Lucia Carragher mostrou muito interesse em obter informações sobre a estrutura e o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), em vista da “implantação inicial do modelo de atenção primária à saúde na Irlanda”. A visita ao Cepe criou a oportunidade para que Thelma Rezende e Silvia Costa, coordenadora de comunicação do ILC-BR, apresentassem o SUS para as visitantes.
 
Foram visitados, ainda, o Núcleo de Experimentação Tridimensional (Next), coordenado pelo professor Jorge Roberto Lopes dos Santos, um projeto de Tecnologia Inovadora com sistemas de escaneamento e impressão 3D, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Universidade da Terceira Idade (UnATI), dirigida pelo professor Renato Veras, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
 
Como última etapa da visita técnica, foi realizada a reunião como estratégia de consolidação de uma rede “Brasil-Irlanda” para pesquisas na área de “Tecnologias Amigas do Idoso”. A reunião foi coordenada por Ina Voelcker e estavam representados - pessoalmente ou por manifestação por meio de mensagem-, além do ILC-BR, a UnATI/UERJ, a SBGG, o Cepe, Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE)/UFRJ, Universidade Federal Fluminense (UFF), Projeto Treinamento cerebral computadorizado para idosos/UFRJ, PUC-Rio, Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES)/Fiocruz e Núcleo de Experimentação de Tecnologias Interativas (Next)/Fiocruz e Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento (Nepe)/Universidade Castelo Branco.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Encontro amplia cooperação entre ILC e Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro

As iniciativas conjuntas na área do envelhecimento datam da inauguração do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR) e do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) – vinculado ao Instituto Vital Brazil, quando os dois Centros passaram a trabalhar pela melhoria da qualidade de vida da população idosa e da saúde do idoso. Cada Centro atua de acordo com sua missão, tendo diversas interseções e projetos em cooperação.
 
No dia 2 de junho, ILC-BR e Cepe/IVB participaram de reunião com o Secretário Felipe Peixoto para discutirem novos projetos conjuntos e a ampliação de iniciativas que produzam avanços para as questões do envelhecimento populacional no Estado do Rio de Janeiro.
 
Além do Secretário, estavam presentes Antonio Werneck, presidente do Instituto Vital Brazil, Thelma Rezende, coordenadora geral do Cepe, Silvia Costa, diretora executiva do ILC-BR e Alexandre Kalache, presidente do ILC-BR e co-presidente da Aliança Global de ILCs.
 
Entre as principais realizações do ILC-BR apresentadas por Alexandre Kalache, a iniciativa “Cidade Amiga do Idoso” foi apreciada pelo Secretário Felipe Peixoto como um projeto a ser aplicado ao Estado do Rio de Janeiro, voltados aos objetivos estaduais para o envelhecimento populacional. O Secretário orientou a equipe no sentido de agendar uma apresentação do projeto à Primeira Dama do estado, que muito se interessa por ações garantidoras dos direitos de cidadania.
 
Outra grande frente de cooperação acordada por todos refere-se à realização da terceira edição do Fórum Internacional de Longevidade, sediado no Rio de Janeiro, e à apresentação do Governo Estadual aos cerca de 30 experts estrangeiros participantes.
 
O Secretário Felipe Peixoto identificou a oportunidade para que os princípios do enfoque “Amigo do Idoso” façam parte da revitalização do Hospital Estadual Eduardo Rabelo, como unidade voltada ao idoso, para torná-la um “Hospital Amigo do Idoso”. Alexandre Kalache saudou a ideia que contará com sua experiência nessa área em dez hospitais de rede privada e pública, em São Paulo, além de sugerir um convite à participação do médico Egídio Dorea, Conselheiro do ILC-BR, que conduz várias iniciativas no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo.