quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Longevidade é aspecto central do Museu do Amanhã

O conceito de uma “nova geração de museus de ciências” orientou a concepção do Museu do Amanhã, descrito como o primeiro Museu Global de Terceira Geração - a primeira geração é voltada para os vestígios do passado (museus de Historia natural); a segunda geração difunde as "evidências do presente" (museus de ciência e tecnologia) e a terceira geração se destina às mudanças, perguntas e a exploração de possibilidades. Situado na cidade do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã – explora como viver e moldar os próximos 50 anos, transformar o pensamento, mudar o comportamento e abrir a mente.
Alexandre Kalache visita as obras do Museu do Amanhã
 
 
Uma das vertentes obrigatórias de olhar o “Amanhã” é um dos eixos centrais do Museu do Amanhã: População. Os outros dois eixos são tecnologia e ambiente. Alexandre Kalache é o consultor sênior do Museu no que se refere à População - que tem Longevidade como aspecto central.
 
 
 
 
 
 
O Museu terá um “Observatório do Amanhã” e um “Centro das Profissões do Amanhã”, entre outros componentes relacionados à pesquisa, à produção de saberes e ao monitoramento de tendências. Em construção no Pier Mauá, região portuária do Rio, o Museu do Amanhã tem inauguração prevista para o primeiro semestre de 2015.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Cepe encerra o ciclo de eventos sobre finitude tendo a música como tema

O último evento do Fórum “Finitude em Questão”, realizado no dia 2 de dezembro pelo Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) em parceria com o professor Edgar Lyra Neto, da PUC-Rio, foi aberto pela coordenadora geral do Cepe, Thelma Rezende, médica e pesquisadora. O convidado foi o maestro Ricardo Prado.


Thelma Rezende e Edgar Lyra Neto
Em suas palavras iniciais, Thelma Rezende contextualizou a escolha do tema, por considerar que a “arte expressa nossa humanidade e a música talvez seja, a que mais nos emociona e nos eleva.  É forma sem matéria e ordena o Caos.” Disse ainda que a magia da música encerra as atividades oferecidas no Cepe no ano de 2014 e que “todos são aguardados de volta em 2015.”
 

Eventos anteriores do Fórum “Finitude em Questão”
1. Relação com a Morte Entre as Coisas da Vida
2. Visão Bíblica e Teológica
3. Finitude Humana, Esperança e a Espera Infinita
4. A Bela Velhice: a graça de viver e a finitude
5. Finitude em Estados Demenciais
6. A Música e o Tempo.
 
O maestro Ricardo Prado falou de sua surpresa com o convite já que não é comum que a música seja associada ao conhecimento ou esteja presente em espaços do conhecimento, como eventos técnicos, científicos, técnico-científicos, corporativos. E que ao elaborar sua apresentação, as reflexões sobre a finitude, inicialmente, o entristeceram, para depois lhe trazerem satisfação, afinal, “a música é associada a momentos especiais”, disse.
 
Para o maestro Ricardo Prado, a relação da música com a finitude pode ser identificada nas origens da sociedade, na mítica. A música surgiu dos mitos anteriores à escrita, quando a transmissão da cultura entre gerações se fazia pela narrativa de alguém encarregado de servir de “memória” de fatos. A narração era composta por sons, silêncios, ritmo, melodia – instrumentos da prática. Mas seu objeto, a memória, é sua essência. Então, diz o maestro, “música é memória, para além do tempo, por que vai do passado ao presente e segue para o futuro, sem linearidade.”
 
Durante a exposição, o maestro Ricardo Prado apresentou trechos de músicas para ilustrar suas idéias.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Revolução da Longevidade no Brasil

Alexandre Kalache entrevistado por André Lahoz.
O novo perfil populacional brasileiro, em que a expectativa de vida chega a 74,9 anos, foi discutido no talk-show “Longevidade: os desafios da saúde para um mundo mais velho”, realizado dia 1º de dezembro, em São Paulo, no Fórum EXAME INFO – O futuro da saúde.
 
Alexandre Kalache, co-presidente da Aliança Global de Centros Internacionais de Longevidade (International Longevity Centre Global Alliance – ILC GA) e presidente do ILC-BR, foi entrevistado por André Lahoz, diretor de redação de Exame e diretor editorial do Núcleo de Negócios da Editora Abril. Kalache falou sobre como o aumento da população idosa afeta as políticas públicas. De acordo com Kalache, “o bem estar dessa população passa por uma revisão das políticas dos planos de saúde para a terceira idade e por mudanças na formação dos médicos — para que estejam mais preparados para as particularidades fisiológicas do idoso e para o combate ao sedentarismo e à má alimentação que estimule uma cultura de bem-estar de caráter preventivo”.
 
O FÓRUM EXAME INFO abordou os desafios do setor de saúde no Brasil e no mundo, a pressão que o aumento da longevidade da população está causando em hospitais e planos de saúde e a transformação causada por novas tecnologias nas áreas de diagnóstico e tratamento. O público era formado por empresários, representantes de instituições de pesquisa, de hospitais e do poder público.
 
Colaboração Caio Martins - RLC Comunicação e Ideias

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Encontro sobre envelhecimento inaugura rede de pesquisadores

“Estudos e pesquisas sobre envelhecimento” foi o título do evento e é o nome da entidade criada para congregar pesquisadores da área do envelhecimento populacional. O evento “Estudos e pesquisas sobre envelhecimento: potencialidades e intencionalidades” serviu de fórum para a discussão inaugural da Associação Nacional de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento (ASPEN) – por iniciativa de um grupo de profissionais atuantes nas áreas de pesquisa e políticas públicas.
 
Realizado no dia 18 de novembro, na Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense, o Encontro contou com exposições de quatro palestrantes, seguidas da solenidade de fundação da ASPEN.
 
Simone Caldas Tavares Mafra, da Universidade Federal de Viçosa, apresentou o perfil da pesquisa sobre o idoso no Brasil, baseada em banco de dados da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Segundo Simone, “o período investigado, 1988 a 2009, mostrou um quadro de baixo interesse acadêmico pelo tema, mas permitiu entrever a crise no cuidado, a partir das evidências sobre o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, o maior número de pessoas idosas acima de 80 anos, a feminilização da velhice e as relações da renda familiar com o trabalho”. Uma das considerações finais da pesquisa indicou que, no período, faltaram estudos sobre convívio familiar, aposentadoria, serviços comunitários, cotidiano do idoso e redes sociais de apoio, além de ainda ser necessário ampliar a investigação acadêmica sobre diversos aspectos do envelhecimento e da realidade das pessoas idosas no Brasil.
 
A perspectiva intergeracional foi tema de José Carlos Ferrigno, do Centro Universitário São Camilo e da PUC de São Paulo. Em sua exposição “Envelhecimento e Gerações – dilemas e desafios para a intergeracionalidade”, Ferrigno afirmou que “o campo intergeracional tem muito ainda a ser explorado”, em vista das complexidades da sociedade atual estruturada por noções de classe social, gênero, etnia, entre outros fatores que influenciam a vida familiar. Para Ferrigno, há muito a ser conhecido em termos de teorias, práticas, políticas e ações, para a compreensão dos relacionamentos entre gerações.
 
Outra mesa do evento abordou a formação profissional como elemento estruturante das políticas na área do envelhecimento, com palestra de Ruth Gelehrter da Costa Lopes, da PUC São Paulo, levando em conta que “o processo de envelhecimento e a velhice articulam o indivíduo com a sociedade e a cultura e diversas dimensões do ser”. Ruth informou que o programa de pós-graduação em gerontologia da PUC-SP está alicerçado no tripé “família, comunidade e Estado”, com concepção multidimensional e foco na superação da visão fragmentada e na ruptura de preconceitos. Como centro formador, o programa desenvolve formas renovadas da prática científica, busca desconstruir noções estereotipadas e se ancora na mútua determinação de teoria e prática.
 
Wilson José Alves Pedro, da Universidade Federal de São Carlos, falou sobre “Estratégias de promoção do envelhecimento ativo através do trabalho”, examinando as estratégias de implantação do envelhecimento ativo. Apresentou o trabalho desenvolvido em Portugal, quando comparou o país e o Brasil quanto à situação de vida das pessoas idosas, a partir das diretrizes internacionais sobre “Envelhecimento Ativo” – modelo que orientou também seu estudo no interior de São Paulo. Wilson Pedro colocou ainda a questão, “qual o papel das universidades com relação ao envelhecimento?”.
As exposições criaram o cenário de fundação da ASPEN, pela apresentação de um panorama geral do campo da pesquisa sobre envelhecimento e seus sub-campos; análise de um sub-campo – o da intergeracionalidade; natureza da formação profissional que contribui para a pesquisa sobre o envelhecimento e fundamentação da pesquisa pelas políticas de envelhecimento ativo propostas pela Organização Mundial da Saúde (2002, 2007).
 
Uma rede de pesquisa formalizada como Associação
 
A solenidade de fundação da Associação Nacional de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento (ASPEN) teve mesa composta por Fabio Alonso, Serafim Paz e Sandra Rabello. É uma entidade da sociedade civil, de direito privado, caráter nacional e técnico-científico, sem fins lucrativos, voltada à pesquisa na área do envelhecimento.
 
A diretoria eleita é composta por Fabio Alonso, presidente, Simone Mafra, vice-presidente, e Sandra Rabello, secretaria.

domingo, 23 de novembro de 2014

Foco na proporção de pessoas em idade de trabalho, um “bônus demográfico”

Mais um estudo demográfico foi publicado neste fim de ano. O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) divulgou relatório que destaca a transição demográfica como oportunidade para ganhos econômicos potenciais em vista da proporção de pessoas em idade de trabalho (entre 15 e 64 anos) em relação à população dependente (de crianças até 14 anos e idosos com mais de 65 anos). O UNFPA é a agência líder da ONU dedicada a contribuir para um mundo onde mulheres e jovens alcancem seu pleno desenvolvimento e publica regularmente relatórios sobre a situação de cerca de 150 países – representando 80% da população mundial.

Segundo o UNFPA, o relatório mostra o chamado “bônus demográfico”, que é uma situação benéfica oferecida pela estrutura etária com uma maior população em idade ativa. Se for bem aproveitada, essa dinâmica pode gerar um ganho econômico e um maior desenvolvimento para o Brasil.

Os rumos da população mundial – perspectivas

As análises das mais diversas composições da população mundial sempre oferecem um “termômetro” do panorama demográfico e de seus rumos nos diferentes momentos da história da humanidade.

Neste fim de ano de 2014, em novembro, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou estudos demográficos de importante repercussão.

Dinâmica populacional dos próximos anos requer políticas públicas que acompanhem as tendências da sociedade brasileira

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou o livro “Novo Regime Demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento econômico?”, com temas como previdência, meio ambiente, saúde, participação feminina e de idosos no mercado de trabalho, mortalidade, arranjos familiares, crescimento econômico, distribuição de renda, homicídios, entre outros. A publicação pela técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Ana Amélia Camarano, com 21 artigos de 25 pesquisadores. 

Diante da perspectiva de redução dos nascimentos e envelhecimento da população, o livro do Ipea mostra preocupação com o cuidado e pergunta se cuidar de crianças e idosos com doenças incapacitantes continuará sendo apenas responsabilidade da família. Coloca, ainda, a questão sobre como a mulher poderá combinar carreira e maternidade para garantir a oferta de força de trabalho e a reposição da população.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Experiências de um hospital universitário com envelhecimento ativo

Se alguém extrapola sua especialidade para se tornar um ativista de outra área, só pode ser como o médico Egídio Lima Dórea, nefrologista defensor do “envelhecimento ativo” conforme concebido no Marco Político da Organização Mundial da Saúde, por Alexandre Kalache e equipe, em 2002. O conceito orienta trabalhos acadêmicos e práticas desde seu lançamento. Egidio Lima Dórea é formado pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, com Residência e doutorado em nefrologia pela Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo, e coordenador do ambulatório de clínica médica do Hospital Universitário da USP, professor e coordenador da disciplina de habilidades médicas da faculdade de medicina da Universidade Cidade de São Paulo.
Palestrante Egídio Dórea da USP
 
Sua extraordinária experiência foi apresentada no dia 17 de novembro, em seminário organizado pelo Centro Internacional de Longevidade Brasil (International Longevity Centre Brazil - ILC-BR) em parceria com o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), vinculado ao Instituto Vital Brazil. A moderação com os debatedores e o público foi conduzida pelo médico e gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR).
 
Projetos
 
Egidio Dorea desenvolve projetos no Hospital Universitário da USP que ultrapassam a adoção de medidas preventivas e a implementação de políticas públicas. Referenciado por sua clínica e pelas evidências sobre a prevalência, principalmente, de diabetes mellitus, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, doenças osteoarticulares e cardiovasculares em pessoas idosas, Egidio Dorea propõe iniciativas baseadas no “envelhecimento ativo”.
 
O Hospital Universitário da USP é uma unidade de ensino, regional e secundário, de média complexidade, atuante com assistência, ensino e pesquisa. Por ele circulam usuários, profissionais, alunos e gestores, atendendo às populações do Distrito de Saúde Butantã e Comunidade USP. É um campo de estágio de graduação e pós-graduação, com contrato de gestão com SUS (referência e contra-referência).
 
Praça de prevenção de quedas
 
O início da militância de Egídio Dorea na área do envelhecimento foi além das condições clínicas típicas do idoso, concentrando-se nas conseqüências de quedas e sua prevenção. Assim, em outubro de 2008 criou o projeto Praça de prevenção de quedas (Parque Água Branca. Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo) que hoje contabiliza 600 praças.
 
Sua proposta é de “prevenção de quedas e auxílio recuperação de fraturas (ombro e punho), com vistas à melhoria de marcha e equilíbrio; fortalecimento de musculatura proximal de MMII; melhoria de amplitude movimento articular; aumento de flexibilidade muscular e estímulo ao convívio social”.
 
As praças idealizadas por Egídio Dórea são dotadas de cinco estações auto-explicativas, com barras paralelas (marcha e equilíbrio), estação ergometria (movimento e flexibilidade); rampa-escada (marcha); senta- levanta(fortalecimento) e estação reabilitação.
 
Centro de prevenção de quedas
 
Ainda relacionado a quedas, dois anos depois, em outubro de 2010, novo trabalho de Egídio Dórea levou ao HU um projeto multiprofissional baseado nos fatores de risco para quedas envolvendo enfermagem, nutrição, fisioterapia, terapia ocupacional, farmácia, educação física, serviço social e psicologia.
 
“Por meio de campanha intra-hospitalar de sensibilização ao atendimento à população idosa, iniciou-se o rastreamento ativo de idosos com risco de queda (em enfermarias, pronto-socorro e ambulatórios) – uma ação também voltada a referenciados”, conta Egídio. E acrescenta que “um dos critérios definidos para marcação de consulta, estabelece que o paciente seja maior de 60 anos, com histórico de queda no último ano - não explicada por fatores externos, como acidente automobilístico, ou fatores internos, como acidente vascular encefálico”. A intervenção é feita a partir dos fatores de risco individuais.
 
O trabalho envolve reabilitação vestibular, oficina de memória, educação física, psicoterapia (medo de cair/depressão), palestras e filmes mensais. No total foram atendidos 309 pacientes com idade média de 75 anos (65-95 anos).
 
Projeto 5S: Hospital Amigo do Idoso
 
Mais uma iniciativa de Egídio Dórea implanta o “Hospital Amigo do Idoso”, a partir do Programa 5 S: Saúde, Socialização, Segurança, Serviços e Solidariedade. Desta vez, em 2013, o HU da USP é envolvido por uma campanha para que os funcionários ampliem seus conhecimentos sobre o que é envelhecer.
 
O “Hospital Amigo do Idoso” começa com uma sensibilização dos participantes e apresentação do projeto 5S. Em seguida, busca-se conhecer as ações específicas para idosos já existentes nos diversos setores e cada setor designa um representante e encaminha suas propostas. Em uma das ações de treinamento, os profissionais passam pela experiência do que é ser idoso, pela simulação das dificuldades de marcha e equilíbrio por meio da colocação de carga extra corporal, que os torna “jovens no corpo do idoso”. Além disso, são feitas palestras mensais para os funcionários do Hospital sobre envelhecimento e foi efetuada a adaptação da escala de triagem de risco para idosos (Manchester).
 
Ao mesmo tempo, diz Egídio, “foram tomadas medidas para a comunidade, com a criação de vagas de estacionamento demarcadas para idosos (rua) e a fixação de local específico para encaminhamento de queixas de idosos”.
 
O projeto foi estendido à Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade de São Paulo, com o curso “Envelhecimento Ativo: o que é e como fazer para alcançá-lo”, no segundo semestre deste ano.

Unidade Móvel “USP: Rumo ao envelhecimento ativo”
 
O projeto se baseia na visão de que a população deve encarar o idoso como um cidadão participante e atuante, que pode contribuir em todos os segmentos da sociedade e não como um indivíduo a ser excluído, pois, segundo Egídio, “envelhecer ativamente deve ser encarado como um direito de todo o cidadão”.
 
Os objetivos da unidade móvel são promover educação continuada em envelhecimento ativo; aquisição de hábitos de vida saudável e reconhecimento da importância dos mesmos para a saúde e o envelhecimento ativo; hábitos para prevenção de fatores de risco e sua importância no contexto das DCNT e do envelhecimento ativo; educação na necessidade de controle das DCNT já estabelecidas, com foco nos ganhos positivos dessas medidas; atitudes positivas e de resiliência no envelhecimento ativo.
 
A proposta inclui equipe multidisciplinar de profissionais da USP, constituída por: médicos, educadores físicos, enfermeira, psicóloga, nutricionista, terapeuta ocupacional, para realização de visitas programadas e regulares às unidades da cidade universitária da USP. A Unidade Móvel é composta por oito passageiros; material didático; balança; aparelhos para atividade física. E seu funcionamento se dá a partir de contatos das unidades USP, agendamento prévio e participação dos funcionários das unidades. Os profissionais da unidade móvel realizam palestras educativas sobre temas pertinentes às suas áreas de atuação.
 
Projetos futuros
 
Egídio Dórea finalizou indicando suas expectativas para o futuro. Primeiro, a continuidade dos projetos Hospital Amigo do Idoso, Unidade Móvel “USP: Rumo ao envelhecimento ativo” e cursos na Universidade Aberta à Terceira Idade. Em segundo lugar, a criação de Unidades Básicas de Saúde Amigas do Idoso.

Debate
 
Com moderação de Alexandre Kalache, os debatedores e o público interagiram sobre a apresentação de Egídio Dórea, com grande troca de informações, esclarecimentos de dúvidas e destaque para a aplicação do modelo criado por Egídio em outros hospitais universitários e unidades de saúde em geral.
 
Debatedores
  • Vilma Duarte Camara, médica, coordenadora do Centro de Referência do Idoso; coordenadora do Programa de Pósgraduação de Gerontologia e Geriatria Interdisciplinar da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade da Terceira Idade (de 1992 a 2009). Na UFF é membro do Colegiado de pósgraduação em neurologia e geriatria. Foi presidente e também vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e do Conselho Estadual do Idoso do Rio de Janeiro. É membro emérito da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro.
  • José Elias Soares Pinheiro – médico, especialista em geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia / Associação Médica Brasileira, geriatra do Instituto de Neurologia Deolindo Couto da UFRJ, coordenador do Módulo de Geriatria do Curso de Aperfeiçoamento em Medicina Interna – CAMI/UFRJ e membro da Câmara Técnica de Geriatria do Conselho Federal de Medicina.
 
Secretaria do município para o envelhecimento
 
Em primeira mão foi anunciada a nova Secretária da Secretaria Especial do Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SESQV), Carolina Chaves, que falou aos participantes do seminário sobre seus planos e disponibilidade para o campo do envelhecimento.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Grandes mudanças na expectativa de vida criam revolução da longevidade, diz Kalache para médicos cariocas

Em tradicional evento para a classe médica carioca - o Café no Copa-, o médico e gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), apresentou a conferência “Revolução da Longevidade no Brasil”, tendo como base o rápido e acelerado aumento da população idosa, antes de poder se preparar para o crescente número de pessoas idosas e suas especificidades.
 
Kalache, que também é co-presidente da Aliança Global de Centros Internacionais de Longevidade, assessor da Academia de Medicina de Nova York sobre envelhecimento global e ex-diretor do Departamento de Envelhecimento e Curso de Vida da Organização Mundial da Saúde, analisou que “em três décadas, o Brasil terá uma população tão envelhecida como a do Japão. A questão é saber se estamos organizados para essa nova realidade, inclusive quanto às doenças relacionadas à velhice”.
 
O Café no Copa é uma realização dos hospitais Pró-Cardíaco e Samaritano e do complexo médico-hospitalar Americas Medical City, sob a coordenação dos médicos Evandro Tinoco, Claudio Domênico e Fernando Gjorup, com o objetivo de proporcionar aos participantes a troca de informações e atualização na medicina contemporânea.

Envelhecimento na agenda global do Fórum Econômico Mundial

Alexandre Kalache, primeiro à esquerda, e grupo de Conselheiros
A maior reunião de cúpula já existente congrega mais de 80 Conselhos para a discussão de uma agenda global para o próximo Fórum Econômico Mundial a ser realizado em janeiro de 2015, em Davos. Entre os grupos temáticos, o Conselho para a Agenda Global do Envelhecimento (Global Agenda Council on Ageing) é integrado pelo brasileiro - médico e gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR).
 
Para que o Fórum Econômico Mundial aconteça, os maiores líderes de diferentes países se reúnem anualmente em Dubai para um evento de “brainstorming”. São experts das áreas de governo, sociedade civil, negócios e academia, que formam uma rede de Conselhos condutores do debate sobre as transformações de maior impacto no mundo. Os grupos participam de oficinas interativas, provendo recomendações para os principais desafios globais que serão analisados pelo Fórum Econômico Mundial.
 
Este ano, a reunião foi realizada de 9 a 11 de novembro, com foco em estratégias que permitissem que a rede de Conselhos para a Agenda Global apresentasse propostas de como modelar transformações nas agendas global, regional e industrial por um período de dois anos.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Membro do Parlamento canadense no II Forum Internacional de Longevidade

"Eu nunca tive como objetivo ter uma carreira política. Eu sou médica, mas fui convidada para concorrer ao cargo depois de minha campanha bem sucedida para manter aberto o Hospital da Mulher (em Toronto)". Apesar de não querer uma carreira na política, Carolyn Bennett, tem sido um dos membros eleitos do Parlamento do Canadá desde 1997 e, por três anos, também foi a única  Ministra  de Estado da Saúde Pública. Com uma perspectiva moldada pelo sua trajetoria original, Carolyn ofereceu  idéias positivas e otimistas em relação às mulheres, ao envelhecimento e às políticas de cuidados de saúde, durante o II Fórum Internacional de Longevidade no Rio de Janeiro. Ela vê a política como "a arte de fazer o necessário possível".  Ela mesma uma “Baby Boomer”, Carolyn sabe que esta geração está dizendo em voz alta aos tomadores de decisão o que é necessário: "Os baby boomers costumam agir para conseguir o que eles querem. Eles não vão aceitar passivamente as políticas de cuidados insuficientes ".

Elaboração Louise Plouffe e Silvia Costa

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Resiliência e bem estar ao longo do curso de vida: o que está sendo feito na Austrália

“O bem estar pode ser medido, aprendido e ensinado”. Com essa afirmação, a australiana Gabrielle Kelly ilustrou o tema que iria desenvolver no seminário realizado no dia 21 de outubro pelo Centro Internacional de Longevidade Brasil (International Longevity Centre Brazil - ILC-BR) em parceria com o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), vinculado ao Instituto Vital Brazil. O debate com o público foi moderado por Alexandre Kalache, presidente do ILC-BR.
 
Gabrielle apresentou o tema “Bem estar e Resiliência no processo de envelhecimento” após ter participado do II Fórum Internacional de Longevidade realizado no Rio de Janeiro, nos dias 16 e 17 de outubro de 2014. Gabrielle Kelly é diretora inaugural do Centro de Bem Estar e Resiliência, do Instituto de Pesquisa Médica e de Saúde da Austrália do Sul (South Australian Health and Medical Research Institute - SAHMRI). Fundado em maio de 2014, o Centro de Bem Estar e Resiliência faz parte do Tema “Mente e Cérebro”, do SAHMRI, que reúne os mais destacados neurocientistas e psiquiatras do mundo em um único espaço de pesquisa e de tradução de questões relacionadas a depressão, suicídio e ansiedade.
 
Ao indicar a transformação da Austrália do Sul em um "Estado de Bem-estar”, Gabrielle conjuga as reflexões de Martin Seligman sobre resiliência com as idéias sobre a revolução da longevidade e o curso de vida como proposto por Alexandre Kalache. Os dois experts tiveram Gabrielle como mentora durante o programa australiano altamente inovador “Pensadores de Adelaide em Residência” (Adelaide Thinkers in Residence), que analisa melhorias para as cidades no que se refere a planejamento urbano, longevidade, mídia digital, indústria, educação, entre outras áreas, por meio da participação de líderes mundiais em proposição de transformações sistemáticas. Através deste programa, Gabe dirigiu a Residência de Alexandre Kalache sobre a implementação na Austrália do Sul dos princípios do Envelhecimento Ativo e do programa Cidades Amigas do Idoso.  Na Residência seguinte, Gabe convidou o professor Martin Seligman, psicólogo positivo, autor do livro "Flourish", para refletir sobre a construção do bem-estar mental e resiliência humana.
 
A residência de Martin Seligman sobre resiliência e bem estar se baseou no modelo PERMA - sigla dos cinco elementos essenciais do Bem Estar: Positive Emotion, Engagement, Relationships, Meaning and Accomplishment. Alinhado aos estudos sobre o envelhecimento populacional, segundo Gabrielle, Seligman afirma que todos queremos ser felizes... e que somos felizes quando estamos produtivos, quando construímos relacionamentos significativos com aqueles que nos cercam e nos sentimos muito bem! Entretanto, diz Gabrielle, "a felicidade é notoriamente difícil de ser alcançada e quando a sua busca é muito intensa, pode trazer insatisfação". Para Gabrielle, com o modelo PERMA, toma-se consciência do que proporciona bem estar, ao invés de focar apenas na felicidade, passando a ter uma vida mais cheia de sentido e satisfação. Gabrielle Kelly teve papel fundamental como Diretora do Escritório de Relações Externas no Gabinete do Premier da Austrália do Sul e tem experiência como cineasta, diretora de mídia digital, empreendedora social e estrategista.
 
Após Seminário – assinatura de Acordo de Cooperação entre ILC-BR e Instituto Vital Brazil

O Instituto Vital Brazil assinou nesta terça-feira, 21 de outubro, um acordo de cooperação com o International Longevity Centre Brazil (Centro Internacional de Longevidade Brasil - ILC-BR). O Instituto Vital Brazil esteve representado pelo presidente, Antônio Werneck, e pela coordenadora científica do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), Monica Kramer. Além da palestrante Gabrielle Kelly, que discutiu a "Resiliência e bem estar ao longo do curso da vida", estiveram presentes o vereador do Rio de Janeiro João Mendes de Jesus e a deputada federal eleita, Cristiane Brasil. Ambos fazem parte de comissões parlamentares a favor da terceira idade.
 
Alexandre Kalache fala sobre o Acordo de Cooperação Técnico-Científica entre o Instituto Vital Brazil (IVB) e o ILC-BR e a diretora do ILC-BR,  Silvia Costa, e o presidente do IVB, Antonio Werneck, assinam o documento
 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Construção social do gênero: dimensões do envelhecimento de homens e mulheres

A maneira como homens e mulheres envelhecem é determinada predominantemente pelos construtos sociais, além da influência biológica (principalmente hormonal). O impacto da construção social durante todo o curso de vida é cumulativo e de importância singular no processo de envelhecimento dos indivíduos.
 
Por exemplo, diz o médico e gerontólogo Alexandre Kalache, “durante a infância, os meninos são presenteados com bolas e as meninas com bonecas, em franca alusão ao papel de cada um na sociedade”. Se as meninas cuidam de bonecas, futuramente cuidarão de pessoas. Por sua natureza biológica, a mulher consulta o médico ginecologista ao longo da vida, enquanto o homem não busca cuidado médico por iniciativa própria. Outra mensagem vem do mote “homem não chora”, como se homens não sentissem dor, não devessem se queixar, “portanto, não mostrar vulnerabilidade ou preocupar-se com promoção da saúde para diagnóstico precoce de doenças preveníveis”, afirmou Kalache durante o II Fórum Internacional de Longevidade realizado no Rio de Janeiro, nos dias 16 e 17 de outubro de 2014, com o tema “Envelhecimento e Gênero”.
 
O Fórum foi realizado sob a liderança de Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (International Longevity Centre Brazil - ILC-BR), em parceria com a Bradesco Seguros, Universidade Corporativa do Seguro (UniverSeg), Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), Fórum Mundial Demográfico sobre Envelhecimento (World Demographic Forum on Ageing - WDA) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Painel sobre política, trabalho, finanças e seguridade social, começando da esquerda: Carolyn Bennet (Parlamento do Canadá); Shauna Olney (Organização Internacional do Trabalho); Ana Amélia Camarano (IPEA); Dalmer Hoskins (HelpAge International); Mara Luquet (jornalismo especializado em finanças, CBN/GloboNews); Alexandre Kalache (coordenador).
 
Mulheres e homens vivenciam o envelhecimento de formas diferentes
 
A estrutura do evento ofereceu um quadro geral das diferenças de gênero no mundo, a partir da perspectiva acadêmica, em amplo leque de temas, como a maior vulnerabilidade das mulheres diante da pobreza, dependência e incapacidade – características que podem ser relacionadas aos contextos culturais e formatos de Estado.
 
No Fórum a apresentação do grau de feminilidade ou masculinidade investigado em pesquisas multicêntricas, foi além de uma exposição teórica e agitou o público participante com um exercício que apura o quanto de feminino, masculino ou andrógino cada um carrega em si. Conjuntamente, a platéia descobriu e interagiu sobre as composições de homens e mulheres por elementos mistos que constituem preditores de saúde e bem estar, segundo os resultados da pesquisa.
 
A formação de um panorama global sobre gênero e envelhecimento nos sete continentes, foi proporcionada por representantes de organizações dedicadas a análises desses territórios. As perspectivas regionais tiveram coordenação do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e relatos sobre o Brasil (UNICAMP), América do Norte (Sociedade Americana de Gerontologia), Europa (Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa - UNECE), Australásia (Instituto de Pesquisas Médicas e de Saúde da Austrália do Sul), África (Mulheres & Legislação no Sul da África – Moçambique), Oriente Médio (Universidade de Oxford, Reino Unido) e Ásia (Conselho de Serviço Social de Hong Kong).
 
Política, trabalho, finanças, seguridade social, direitos de homens e mulheres em processo de envelhecimento, foram temas abordados em painéis conduzidos por representantes do Parlamento Canadense, Organização Internacional do Trabalho, HelpAge International, Rádio CBN/GloboNews.
 
A consolidação do debate incluiu discussão em grupos sobre as principais questões para a prática e as políticas e foi reportado em sessão plenária.
 
Central no Fórum, o documento resultante do trabalho desenvolvido pelos experts e discutido pelo público participante, a Carta sobre Gênero e Envelhecimento (Gender and Aging Charter) está recebendo ajustes, revisão final e tradução (elaborado originalmente em inglês) para posterior compartilhamento. Várias instituições parceiras e profissionais filiados a movimentos sociais assumiram o compromisso de disseminar para seus interlocutores. Quando a versão final estiver concluída, o ILC publicará em seu site e informará por mala direta e mídias digitais.
 
O fechamento do Fórum, na Conversa de Sofá, se inspirou no espírito otimista do octogenário Zuenir Ventura, jornalista e escritor, colunista do jornal O Globo, que recebeu o Prêmio Jabuti em 1995, na categoria reportagem, pelo livro Cidade Partida. Mas, foi o livro sobre a passagem do tempo que mais ocupou a conversa no sofá entre Zuenir e Alexandre Kalache.  O livro organizado por Arthur Dapieve, “Conversa Sobre o Tempo”, traz diálogos de Zuenir Ventura com Luiz Fernando Veríssimo, ao mesmo tempo profundos e divertidos. Zuenir é o oitavo postulante da cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras, em sucessão ao romancista João Ubaldo Ribeiro, de quem era amigo próximo. Seu livro “1968: o Ano que Não Terminou” foi roteirizado para a minissérie Anos Rebeldes, produzida pela Rede Globo.
 
Nos dois dias de realização, o evento reuniu, entre experts e público, pesquisadores, executivos, mídia e outros interessados nacionais e internacionais na sede da Bradesco Seguros para debates sobre as questões interdisciplinares de gênero e envelhecimento. Os experts internacionais eram originários de organizações internacionais (UNFPA; OECD; UNECE; WHO; ILO; ILC-Argentina; HelpAge International); da academia (University of Surrey, UK; University of Montreal; University of Oxford; Wellness Institute, Adelaide); de associações e setores governamentais (American Gerontological Society; Canadian Parliament; Federal Social Security Department; Instituto Vital Brazil; Congresso Brasileiro; Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia); e instituições brasileiras (IPEA; CBN/Globo; Folha de São Paulo; Fundação Oswaldo Cruz; Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade de Campinas; Universidade de São Paulo).
 
O primeiro Fórum, em 2013, aconteceu no ano passado a partir de uma edição brasileira do Fórum Mundial de Demografia e Envelhecimento (WDA Forum), patrocinado pela Bradesco Seguros e organizado pelo ILC-BR conjuntamente com a Universidade Corporativa do Seguro (UniverSeg), o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) e parceiros da academia, governo, organizações da sociedade civil e Nações Unidas.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

A Revolução da Longevidade e os direitos das pessoas idosas

Pela primeira vez no Brasil, a conferência da Sociedade Internacional para a Qualidade do Cuidado de Saúde (International Society for Quality of Healthcare – ISQua), em sua 31ª edição, dedicou uma sessão ao cuidado do idoso, com participação do médico, gerontólogo e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), Alexandre Kalache, e de José R. Jauregui, médico geriatra do Hospital Italiano de Buenos Aires e membro da Sociedade Argentina de Gerontologia e Geriatria.
 
O evento aconteceu de 5 a 8 de outubro, com o título “Qualidade e segurança através do cuidado contínuo” e com a missão de “inspirar, promover e apoiar a melhoria contínua da segurança e da qualidade do cuidado de saúde no mundo”.

Kalache apresentou “A revolução da longevidade no Brasil” com base no radical aumento da população idosa no mundo que, entre 1950 e 2050, mostrará um salto de 14 milhões para 395 milhões de pessoas com 80 anos e acima. Especificamente no Brasil, nos próximos 30 anos, “nosso país estará entre os três países de mais rápido envelhecimento no mundo, com uma população de mais de 30 milhões de idosos”, disse Alexandre Kalache.

Como resposta à Revolução da Longevidade, Kalache destacou os direitos das pessoas idosas, a começar pelo direito à saúde, a aprender, trabalhar, à proteção, seguridade social, participação, acesso a serviços, renda básica e, principalmente, o “direito ao cuidado”.

Uma pessoa idosa pode cuidar de outra?

Ao apresentar o tema “Teoria da dupla vítima: o cuidado de casais idosos”, o geriatra argentino José Ricardo Jáuregui discutiu situações de cuidado inapropriado em casais de idosos que vivem sozinhos e um deles é responsável pelo outro. Um tipo de relação comum pode envolver um idoso que mantém suas capacidades funcionais e a outra pessoa idosa em condição frágil. Nesse arranjo, um deles pode chegar a um estado de esgotamento, ou os dois, desencadeando dano involuntário durante o processo de cuidado. Entre os possíveis danos – o abuso.
 
O seminário “Teoria da dupla vítima: o cuidado de casais idosos” foi realizado em parceria do Centro Internacional de Longevidade (ILC-BR) com o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE), na tarde do dia 7 de outubro, com moderação de Alexandre Kalache – presidente do ILC-BR - e participação dos debatedores Ina Voelcker – coordenadora de projetos ILC-BR - e Tarso Mosci – geriatra, presidente da seção Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). O expositor, José R. Jauregui MD PhD, é médico da Seção de Geriatria, do Serviço de Clínica Médica do Hospital Italiano de Buenos Aires; membro da Sociedade Argentina de Gerontologia e Geriatria; gerontólogo da Universidade de Buenos Aires. Tem doutorado em medicina pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Fundou a Unidade de Pesquisa em Biologia do Envelhecimento do Hospital Italiano e é presidente do Comitê Latino-Americano e do Caribe da International Association of Gerontology and Geriatrics – IAGG.
 
Em sua fala sobre o cuidado inapropriado, Jáuregui analisou que “a superação do estresse e do esgotamento do cuidador evita o cuidado inapropriado, ou maus tratos, e reduz o sofrimento do cuidador sob estresse em razão da cronicidade da situação”. Para o médico argentino, os fatores de risco são a depressão do cuidador, a coabitação, relacionamento ruim anterior à velhice, pouco ou nenhum apoio familiar, inexistência de rede de suporte, doença, carga horária de cuidado inadequada e baixa autoestima do cuidador. “Em geral, o processo de estresse se transforma em violência quando ocorrem transtornos emocionais ou de conduta dos cuidadores”, diz Jáuregui.
 
A principal recomendação de Ricardo Jáuregui para a suspeita de abuso, é que o foco recaia sobre a “família em risco” e não no indivíduo sob risco. Ressaltou ainda a importância de evitar-se uma abordagem baseada na polarização “Vítima x Algoz”; da observação e avaliação do cuidador e da tomada de medidas como a separação/distanciamento dos idosos, além de que só se inicie o processo judicial quando haja certeza de que houve abuso.
 
Tarso Mosci, da SBGG, destacou a pertinência da questão levantada no seminário, assim como a importância do cuidador familiar e do cuidador profissional – trabalhador ainda em processo de reconhecimento da profissão. Trouxe, ainda, sua experiência clínica: “o idoso não quer ser um peso para sua família”. Ina Voelcker citou o caso de seu país natal, a Alemanha, onde 75% dos idosos não querem ser cuidados pelos filhos.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O envelhecimento é um processo individual de impacto geral

Como em um “segundo tempo” de comemoração do Dia Nacional do Idoso, no dia 2 de outubro, o CEPE explorou diversos aspectos das políticas públicas para o envelhecimento populacional.
 
No âmbito federal, foram estabelecidas diretrizes para o cuidado da pessoa idosa no Brasil, que levam em consideração as particularidades desse cuidado com foco nas especificidades do processo de envelhecimento, disse Maria Cristina Lobo, representante da Área Técnica de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde.
 
No Estado do Rio de Janeiro, o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe) é um equipamento público indutor de políticas no campo do envelhecimento populacional, que, segundo a coordenadora geral do Cepe, a médica Thelma Rezende, “se dedica à orientação da Atenção Primária sobre a saúde da pessoa idosa e à qualificação do cuidado por meio de iniciativas de capacitação de profissionais e da sociedade como um todo”.
 
A expertise em políticas públicas foi representada por Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que apresentou uma análise do Estatuto do Idoso, de 2003, como “uma única e ampla peça legal que contém muitas das leis e políticas já aprovadas pelo estado brasileiro”. Para Ana Amélia, o Estatuto marca o reconhecimento do direito à velhice, surgindo devido ao não cumprimento de vários dos direitos expressos em outras peças legais, como a Constituição Federal de 1988 e a Política Nacional do Idoso de 1994. Ainda assim, o Estatuto é um instrumento repleto de “avanços com contradições”.
 
A sociedade civil também participou do evento, na seção de debate que reuniu os palestrantes com a presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, Sandra Rabelo, e com Maria da Penha Franco, membro do Conselho, além de manifestações do público presente.

O evento foi organizado por Luiza Machado, supervisora de educação e saúde do Cepe, que já esteve à frente de áreas técnicas de saúde do idoso nos níveis municipal e federal.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Um palhaço terapêutico não atua para ajudar idosos... É ele quem busca a ajuda do idoso


Quando vai ao encontro da pessoa idosa, o palhaço terapêutico sabe que receberá carinho, atenção, sorriso. É ele, palhaço, quem precisa de ajuda.

Essa é a visão do grupo de palhaços terapêuticos do Teatro do Sopro, que se apresentou no primeiro dia de comemoração do Dia Nacional do Idoso no Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE) – um dia de pura emoção.


Na foto:
Flávia Marco Antonio e Olivier Terreault com Luiza Machado, supervisora de Educação e Saúde do CEPE e organizadora do evento.

A abertura do evento trouxe o pensamento filosófico e espiritual com as análises do Professor José Francisco Pereira Oliveira, que tem entre seus temas de palestras a finitude, características da velhice, cuidado da pessoa idosa e as relações com o processo de envelhecimento. Márli Neves, fonoaudióloga e presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Seção Rio de Janeiro interagiu com o Professor José Francisco e com pessoas do público presente.

Em seguida, a apresentação da “Bela Visita” do casal de palhaços – o canadense Olivier Terreault e a brasileira Flávia Marco Antonio. O trabalho começado por eles no Canadá em Instituições de Longa Permanência para Idosos foi trazido para o Brasil e se baseia no projeto La Belle Visite.  Em animada performance, os profissionais demonstraram como visitam idosos com perda de autonomia, vestidos com “roupas de domingo”, inspiradas em  vedetes de Hollywood  da época e uma abordagem artística e relacional mais próxima da época e dos gostos culturais dos idosos (repertório musical, danças, filmes, roupas, costumes, boas maneiras e cortesia, etc.).

Mais emoções vieram com a apresentação da “Atividade Criativa” conduzida por Boris Garay, designer gráfico, e Patrícia Fernandes, psicóloga, ambos do CEPE, junto aos idosos da Casa de Convivência Maria Haydée, da Prefeitura do Rio.

Beleza dos movimentos, na dança como mecanismo de melhoria da qualidade de vida, apresentada pela Professora Karina Lírio e Grupo de Dança da Casa de Convivência Carmem Miranda, também da Prefeitura.

E a beleza da encenação teatral ficou por conta da “Autoestima sobe ao palco”, com direção de Monique Lafond e Rogério Garcia, elenco composto por Libi Maurey, Vera Bittencourt, Gerson Carlos Augusto, Marly Barroso, Marcos Moraes e Leni Gullo e a tecladista Jane Maurey. A diretora Monique Lafond ressaltou que o elenco trabalha com ela há muito tempo. O esquete final, sobre o ciclo de vida, fez muitos chorarem.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Envelhecimento e lições de vida na série Cinema no Cepe

Ao deixar temporariamente seu trabalho como executivo em Wall Street para cuidar de seu pai, Jake, depois da crise cardíaca da mãe, o protagonista da história, John, acompanhou a doença inesperada do pai até a morte.  Durante este tempo, John ajudou o pai a retomar o gosto pela vida e aprofundou a relação pai-filho.

Este filme norte-americano bastante antigo (1989), com direção de Gary Goldberg, suscita temas universais do sentido da vida, da importância da realização pessoal e também assuntos ainda contemporâneos, como os cuidados médicos dos mais velhos.
  
No debate, Filipe Gusman, médico geriatra, especialista em cuidados paliativos, destacou as diferenças mostradas no filme entre cuidados tecnicamente corretos e cuidados também corretos, mas mais humanos. Quando Jake recebeu cuidados de um médico de visão mais humana, ele pôde enfrentar o diagnóstico terminal sem ficar aterrorizado.  Para Filipe Gusman é esse humanismo e o olhar holístico que ainda falta no treinamento médico.

A psicóloga Dulcineia Monteiro falou da fragilização de Jake antes da chegada do filho John e de seu crescimento psicológico estimulado pelo filho John.  A maior mensagem do filme veio de Jake: “Morrer não é pecado: o pecado é de deixar de viver”.

Elaboração Louise Plouffe
Edição Silvia Costa

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Identificação da demência na rede primária: necessidade de uma Cultura do Cuidado

O número de pessoas com demência está cada vez mais aumentando no mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, onde o envelhecimento populacional está acelerado.  Segundo a Dra. Cleusa Ferri, professora afiliada na Universidade Federal de São Paulo e pesquisadora epidemiologista no hospital Alemão Oswaldo Cruz de São Paulo, “estimamos que existam hoje no Brasil  mais de 1 milhão de pessoas com demência e projetamos que para 2050 existirão mais de 5 milhões”.   Palestrante no Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE) no dia 15 de agosto, a Dra. Ferri centrou-se na questão da identificação da demência na rede de atendimento primário. 

A demência é a principal causa de incapacidade e de dependência na população idosa. Embora ainda não haja cura, a detecção precoce permite o início de cuidados que ajudam a preservar a capacidade funcional e a qualidade de vida, tanto para a pessoa com demência quanto para  o cuidador familiar.  No entanto, “em países ricos apenas ¼ a ½ dos casos são reconhecidos na rede primária. Em países pobres – como no Brasil – a situação é ainda mais séria”.   Entre os principais motivos, a Dra. Ferri destacou o estigma da demência, as falsas crenças de que a perda de memória é normal na velhice e que nada pode ser feito. Além disso, os profissionais da saúde não estão preparados para a identificação e os cuidados iniciais.

Para melhorar a identificação da demência e a intervenção na rede primária, a Dra. Ferri descreveu um programa de pesquisa que será iniciado em breve, com parceiros, incluindo o Dr. Jerson Laks, consultor do CEPE e coordenador do Centro para Pessoas com Doença de Alzheimer e outros transtornos mentais na velhice na UFRJ. A pesquisa tem componentes epidemiológicos e experimentais de treinamento dos profissionais e dos cuidadores.  Os pesquisadores contam com a colaboração da rede primária, tanto no Rio quanto em São Paulo para realizar esta pesquisa importante e ambiciosa.

Elaboração: Louise Plouffe
Edição: Silvia Costa

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Cuidados paliativos - uma cultura de cuidado ao fim da vida


Conhecimento técnico e competência humanitária se fundem como elementos essenciais para a percepção do “limite da vida”, dizem as autoras. O conceito de cuidados paliativos – evolução e base etimológica, surgimento e trajetória da prática, pertinência e extensão da aplicação-, integra artigo de Claudia Burlá e Ligia Py publicado na revista Cadernos de Saúde Pública (Cad. Saúde Pública vol.30 no.6 Rio de Janeiro June 2014).

A discussão perpassa o exercício das profissões da Saúde baseadas em alta biotecnologia, quando a suavização da angústia e da dor evoca toda a humanidade contida em cada um que se confronta com o fim da vida. O alívio do sofrimento provém de uma prática integrada por saberes, ética e sensibilidade, por que: “um olhar apressado não captura a dimensão do Cuidado Paliativo”.
 
Em época de grande valorização das tecnologias e seus aparatos, o que pode ser realmente revolucionário é a intervenção interdisciplinar no atendimento a pessoas que estão morrendo. O artigo afirma que “a morte é parte do processo natural da biografia e não um inimigo a ser enfrentado”.
 
Em consonância com uma cultura do cuidado  indicativa de práticas constituídas por "conforto e presença solidária enquanto a pessoa estiver viva", as reflexões do artigo se coadunam com as políticas do envelhecimento ativo, na perspectiva do cuidado ao longo do curso de vida, especialmente, ao considerar os cuidados paliativos como um processo contínuo, multidimensional - incluindo aspectos psicossociais e espirituais, relacionado também a quem cuida e à escuta da pessoa em sua última etapa de vida.

domingo, 17 de agosto de 2014

Aula inaugural na Universidade de Campinas

O Programa de Pós-Graduação em Gerontologia ajudou a lotar o auditório da Aula Inaugural da Pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade de Campinas (Unicamp), realizada no dia 13 de agosto. Cerca de 200 pessoas, entre alunos e professores, assistiram à aula de Alexandre Kalache, médico e gerontólogo, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil.

Convidado pela coordenadora do Programa de Gerontologia, Dra. Anita Liberalesso Neri, que o apresentou juntamente com a Coordenadora da Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Dra. Rosana Onocko Campos , Kalache falou sobre envelhecimento e longevidade.

Segundo Anita Neri, a motivação para o convite foi, entre outras, a abordagem “científica, politica e existencial-humanista” com que Kalache discorre sobre o tema. Além disso, prosseguiu a Profa. Anita Neri, haveria estudantes de um curso de mestrado e doutorado em gerontologia; interesse de varias outras áreas da medicina pelo tema; a importância de vê-lo tratado por um expert e líder mundial no campo do envelhecimento; e, especialmente, o carisma e a generosidade do conferencista.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Tomar café e falar da morte

A rejeição à ideia da morte tem seu contrário: pessoas se juntam para falar da morte. O encontro acontece em um café de Londres, promovido pelo Death Cafe, uma organização sem fins lucrativos que diz ter a missão de “aumentar a consciência da morte a fim de ajudar as pessoas a viverem melhor”.
Em reportagem da jornalista brasileira radicada em Londres, Beatriz Portugal, o motor para falar sobre a morte é a diversidade de temas relacionados à finitude. Fala-se de tudo, desde o declínio do corpo, passando por vida após a morte, até providências a serem tomadas, como testamentos e opção por sepultamento ou cremação, diz a matéria intitulada “Esse café é de morte”, publicada no número de agosto da revista Piauí.
 
Os participantes do Café da Morte são pessoas que querem abordar o assunto, não estão de luto, nem doentes ou obcecadas pela morte. Comem petiscos enquanto conversam, sem roteiro ou protocolo. Segundo a matéria, o organizador coloca como única regra o respeito às opiniões e crenças e que o encontro não é uma sessão de terapia. Em geral são cerca de 30 participantes de meia-idade que formam um “movimento” aberto a quem desejar aderir.
 
Se para alguns o assunto “morte” é tabu, para outros é estímulo para encontros, trocas de ideias e liberdade de escolha.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Fórum Finitude em Questão sobre a Bela Velhice

Vidas chegam ao fim, em qualquer idade, por diversas causas. O fato de se chegar à velhice associa essa etapa da vida à finitude e à perspectiva considerada distante por muitos de nós – com exceção dos estudiosos do tema.
 
A quarta edição do Fórum Finitude em Questão, com o título "Finitude, Bela Velhice, os Projetos da Medicina Antiaging", foi realizado no dia 13 de agosto, para discutir a velhice como expansão da expectativa de vida - uma bela velhice, caso seja olhada por esse prisma.
 
O Fórum foi realizado de 10h às 12h, no auditório do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento – CEPE, aberto ao público. As condutoras do debate foram Mirian Goldenberg, antropóloga, professora da UFRJ, colunista do jornal Folha de São Paulo (primeira à esquerda); Fernanda Rougemont, doutoranda em sociologia  e antropologia na UFRJ (à direita) e Thelma Rezende, diretora do CEPE (no centro).
 
Após exposição de Fernanda Rougemont sobre sua pesquisa centrada em Medicina Antiaging, Mirian destacou vários pontos da proposta “Bela Velhice”, transformada em livro. Entre suas recomendações para uma velhice bela, Mirian enfatiza a extrema necessidade de que se tenha um projeto de vida. Outras indicações foram ter tempo para si e mais foco em si mesmo; planejar quem vai prestar o cuidado quando necessário; o grande valor da amizade nessa fase; simplificar a vida de forma geral e a vida doméstica em particular; reorganizar os relacionamentos para evitar tudo que seja prejudicial e humor com muito riso.
 
Por fim, pontuou a preocupação que temos em classificar as pessoas pela idade, como se percebe em falas como “você não parece a idade que tem”, “aos sessenta anos tenho cabeça de 20”, entre outros comentários dos participantes da pesquisa que gerou o livro A Bela Velhice. E ressaltou a expressão da língua inglesa, ageless, que não carrega a preocupação com a idade e nos torna inclassificáveis quanto à idade.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Fórum Mundial de Demografia e Envelhecimento (WDA-Forum) mostra como desenvolver uma cultura do cuidado para demências

"Viver com demência é como escalar uma subida íngreme até o topo. No entanto, a adoção de uma estratégia para lidar com a demência com sucesso pode fazer a viagem menos árdua". Para ajudar a aliviar a viagem para o crescente número de suíços mais velhos - e seus cuidadores - que vivem com demência, 16 especialistas do Fórum Mundial de Demografia e Envelhecimento (WDA Forum – World Demographic & Ageing Forum) publicaram suas recomendações sobre a melhor forma de implementar o projeto “Estratégia Nacional para a Dementia 2014-2017” (WDA Forum St Gallen.  Switzerland and its National Dementia Strategy 2014-2017). Os especialistas definiram como objetivos da Estratégia: combater o caráter estigmatizante da demência, promover a solidariedade social e mobilizar uma rede de atendimento multidisciplinar coordenada.
 
Entretanto, o sucesso da estratégia requer recursos suficientes e consistentes, além do alcance de equilíbrio entre as intervenções e as iniciativas dos diversos envolvidos - setor privado, governo, indivíduos e comunidades. Como integrar todos no desenvolvimento de uma cultura de cuidado que suporte a estratégia de governo? O Fórum Mundial de Demografia e Envelhecimento sugere, por exemplo, que os empregadores ofereçam "férias demência" para ajudar os funcionários que são cuidadores, que as pessoas doem horas de serviço voluntário através de "bancos de horas" e que as comunidades apóiem iniciativas locais intergeracionais "amigáveis à demência".
 
Elaboração Louise Plouffe
Tradução e edição Silvia Costa

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Os Conselhos de Participação Social nos representam!

O fortalecimento dos Conselhos Municipais dos Direitos dos Idosos vai beneficiar a todos os brasileiros, por que até os jovens já estão em processo de envelhecimento.
 
 
O Guia resulta de uma iniciativa conjunta de Prattein Consultoria em Desenvolvimento Social e Interage Consultoria em Gerontologia, viabilizada pelo Banco Santander, para orientar os municípios apoiados pelo seu Programa Parceiro do Idoso. A publicação se baseia em iniciativa voltada a outro grupo populacional: “Conhecer para Transformar – Guia para Diagnóstico e Formulação da Política Municipal de Proteção Integral das Crianças e Adolescentes”.
 
Para Laura Machado, psicóloga e gerontóloga, da Interage, “Este guia, portanto, é uma ferramenta para a implementação de políticas públicas para os idosos visando a garantia de seus Direitos previstos no Estatuto do Idoso e consequentemente para a melhoria da qualidade de vida dos idosos, além de ser um instrumento importante para o fortalecimento dos Conselhos Municipais dos Direitos dos Idosos.”

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Começa a série de eventos “Cinema no Cepe”

O título do filme “Antes de partir” indica um movimento de ir embora. Para onde? No caso do filme, partir para a morte. Com direção de Rob Reiner, o filme norteamericano (no original The Bucket List), produzido em 2007, é estrelado pelos atores Jack Nicholson e Morgan Freeman.

A série Cinema no Cepe é uma iniciativa do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento, vinculado ao Instituto Vital Brazil, com curadoria da psicóloga Dulcineia Monteiro – analista Junguiana, membro do Conselho Consultivo de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Gerontologia e autora de diversos livros, entre eles, Espiritualidade e Finitude - Aspectos Psicológicos.

Foto: Thelma Rezende, diretora do Cepe (à esquerda), com Dulcineia Monteiro.

Obra de abertura da série, o filme Antes de partir foi exibido no dia 4 de agosto, às 18h, seguido de discussão pela curadora e pelo público participante. Os quatro encontros da série ocorrerão sempre na primeira segunda-feira do mês.

Segundo Dulcineia, a história dos dois personagens após receberem a notícia de que têm pouco tempo de vida retrata nossa “dificuldade de lidar com a finitude e a morte”. A trajetória de cada personagem até aquele momento carregava as marcas do estilo de vida definido por eles e pelas circunstâncias. “Um deles, Carter (personagem de Morgan Freeman), teve seus planos modificados na juventude pela gravidez inesperada da namorada, levando-o a tornar-se um homem com família, sem possibilidade de estudos de nível superior e dedicado ao trabalho”. O outro, Edward (interpretado por Jack Nicholson), vivenciou casamentos rápidos, não se relacionou com a filha, progrediu nos negócios e enriqueceu.

Diante da notícia da morte próxima, para Dulcineia, os dois ressignificam suas vidas, assim transmitindo ao público expectador uma mensagem sobre os aspectos positivos da vida, que também devem estar presentes na velhice. “A alegria e a amizade são elementos altamente recomendados pelo filme”, pontuou Thelma Rezende, diretora do Cepe.

No filme, o período de doença e prognóstico se passa no ambiente hospitalar, sempre um espaço fechado e monocolor. Quando os dois personagens saem para a “vida”, as cenas são abertas, cheias de paisagens, muitas pessoas e cores. Os personagens se abrem para a vida. 

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Importante avanço internacional para pessoas idosas

Inúmeras iniciativas da sociedade civil em todo o mundo mobilizam organizações internacionais para a inserção das questões do envelhecimento em agendas estratégicas e indispensáveis ao desenvolvimento humano.
 
A proposta constituída como “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, elaborada por um Grupo de Trabalho das Nações Unidas, fixa 17 objetivos e 169 metas. Algumas destas representam um grande avanço para a sociedade civil que há décadas luta para a inclusão do idoso nos instrumentos internacionais de tão grande importância quanto os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), de 2000.
 
Entre as conquistas, está o reconhecimento de que saúde e bem-estar devem ser garantidos para pessoas de todas as idades, assim como a redução da pobreza. Além disso, a proposta situa as pessoas idosas como um grupo com necessidades específicas de nutrição, com prazo para atendimento dessa demanda até 2030 e de eliminação de todas as formas de nutrição inadequada.
 
Talvez maior conquista até agora seja o objetivo número 4: garantir educação de qualidade que seja inclusiva e igualitária e promover oportunidades de educação continuada para todos - um objetivo que se alinha perfeitamente com o conceito do Envelhecimento Ativo.
 
A Aliança Global de Centros Internacionais de Longevidade, juntamente com outras ONGs como a HelpAge International, INPEA e AARP, está presente nestas discussões nas Nações Unidas para garantir que pessoas idosas não estejam excluídas desta próxima agenda internacional de desenvolvimento.
 
Em especial, para o ILC-BR o objetivo 11 é uma notícia positiva, em razão de seu engajamento por ambientes mais amigáveis ao idoso. Esse objetivo estabelece que as cidades e os assentamentos humanos sejam inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis, e as pessoas idosas receberam destaque no acesso a transporte e espaços verdes e públicos.
Com Ina Voelcker.

domingo, 27 de julho de 2014

Entidade de geriatria e gerontologia reafirma compromisso com capacitação profissional

O projeto da nova gestão da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) destaca o aumento do número de geriatras e gerontólogos como aspecto fundamental para a melhoria do processo de envelhecimento no Brasil. Em sua fala na posse da diretoria eleita para o período de 2014 a 2016, o médico cearense João Bastos Freire Neto, novo presidente, ressaltou que o “fomento à formação na área do envelhecimento ainda precisa avançar. Apesar das conquistas importantes nos últimos anos, o déficit ainda é muito grande.”

A nova diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), entidade filiada à Associação Médica Brasileira (AMB), tomou posse na noite de 18 de julho, em uma cerimônia que reuniu aproximadamente 200 pessoas, no Rio de Janeiro, cidade-sede da entidade.

À frente da presidência da SBGG, João Bastos Freire Neto é o primeiro representante do estado do Ceará a gerir a Sociedade, desde a sua fundação. João Bastos presidiu a seccional da entidade no Ceará (SBGG-CE), de 2010 até o presente. Sua experiência clínica inclui estudos sobre idosos assistidos em atenção domiciliar, causas de internação hospitalar e gerenciamento de doentes crônicos em domicílio, entre diversos outros.

O Departamento de Gerontologia em nível nacional estará a cargo de Maria Angélica Santos Sanchez, formada em assistência social, gerontóloga desde 1993, atuante durante oito anos na seção Rio de Janeiro - período em que ocupou cargos na comissão científica e secretaria adjunta da SBGG-RJ, onde também presidiu o departamento de gerontologia por duas gestões.

Situação profissional no Brasil

João Bastos considera a capacitação de profissionais em saúde do idoso como um dos objetivos principais da nova gestão: “Se consideramos que a população idosa no Brasil é atualmente de 22,9 milhões (11,3% da população) e que somos apenas 1.000 geriatras no Brasil (média de um geriatra para cada 22 mil idosos), precisamos preparar mais profissionais capacitados no atendimento das necessidades básicas de saúde dos idosos.”

Para o geriatra, a formação deve começar já na graduação, pelo incentivo “às faculdades de medicina a darem maior ênfase no envelhecimento, possibilitando uma formação sólida dos médicos e profissionais que oferecem o cuidado ao idoso, independente da especialidade. Essa é uma das nossas maiores responsabilidades enquanto sociedade de especialidade médica: colaborar e incentivar a capacitação dos profissionais que estão dia a dia no manejo dos idosos a fim de aperfeiçoar e qualificar o atendimento a esta população. Queremos que a SBGG assuma a liderança na propagação do conhecimento científico em saúde do idoso.”

A intensa militância de Maria Angélica Santos Sanchez pelo fortalecimento da gerontologia no Estado do Rio de Janeiro agora se estende a todo o país, em uma gestão ancorada nas ações baseadas em parceria e alianças. Angélica destacou a conquista da gestão anterior, de Mariana Alencar, e confirmou a “continuidade deste trabalho de articular com conselhos e associações de classe com o objetivo de alcançar o reconhecimento do título de gerontólogo, por meio de uma validação conjunta”.


Presidente do biênio 2012-2014, geriatra Nezilour Lobato Rodrigues, e o Presidente do biênio 2014-2016, João Bastos Freire Neto.




Serviço:

Diretoria Executiva (2014-16)

Presidente: João Bastos Freire Neto (CE)
Vice-Presidente: Maria Alice de Vilhena Toledo (DF)
Secretário-Geral: Verônica Hagemeyer (RJ)
Tesoureiro: Raquel Pessoa de Carvalho (CE)
Diretor Científico: Toshio Chiba (SP)
Diretor de Defesa Profissional e Ética: Nezilour Lobato Rodrigues (PA)

Presidente do Departamento de Gerontologia: Maria Angelica Santos Sanchez (RJ)
Secretária Adjunta: Tulia Fernanda Meira Garcia (CE)
Conselho Consultivo: Jacira do Nascimento Serra (MA)/ Rubens Fraga Junior (PR) / Naira de Fátima Dutra Lemos (SP)

Sobre a SBGG - Fundada em 16 de maio de 1961, a SBGG é uma associação civil, sem fins lucrativos, que reúne especialistas de todo o Brasil e é o braço de geriatria e gerontologia da Associação Médica Brasileira (AMB), instituição que reúne as 54 sociedades de especialidades médicas. Com aproximadamente 2.250 associados, atualmente a entidade é composta por 18 seções estaduais. Além da AMB a Sociedade é filiada à International Association of Gerontology and Geriatrics (IAGG), entidade que congrega instituições de cinco regiões do mundo: África; Ásia/Oceania; Europa; América do Norte e América do Sul.